terça-feira, 20 de novembro de 2012

O desafio de crescer sem degradar – Entrevista com Cláudio Boechat

por Alice Marcondes e Talita Martins, da Envolverde. Segundo o pesquisador Cláudio Boechat, a alimentação, a perda de biodiversidade e a mudança da matriz energética são desafios enfrentados pela população mundial para não consumir mais do que o planeta pode fornecer. Frear a extinção de espécies, estabelecer um novo padrão de matrizes energéticas e reduzir o uso de insumos na agricultura são, para o pesquisador do Núcleo Petrobras de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral, Cláudio Boechat, os grandes desafios que a sociedade atual enfrenta quando o assunto é pegada ecológica. Ele lembra que quanto mais desenvolvidas as nações, maiores as marcas que elas vêm deixando no planeta. Nesta entrevista ele aponta a mudança de atitude como algo urgente. Confira a conversa. Pesquisas apontam que quanto maior o índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de uma cidade, estado, ou país, maior é também o tamanho da pegada ecológica da região. Por que isto ocorre? O modo de desenvolvimento utilizado nos últimos séculos gera muito impacto no meio ambiente. Aqueles países que conseguiram um IDH alto, que são também os mais desenvolvidos economicamente, têm uma pegada ecológica maior. Isto é decorrente do processo de desenvolvimento. Esses países com pegadas maiores possuem alguma característica comum? Os países que conseguiram avançar mais no IDH estão no geral em regiões onde os invernos são muito rigorosos, o que faz com que as pessoas, queimem combustível para aquecer as casas e locais de convívio. Este combustível é quase sempre fóssil, por conta do custo mais baixo. Isto fez com que a pegada ecológica desses países aumentasse muito. Já nos países mais pobres, com IDH mais baixo, você tem outras realidades da natureza. São ambientes um pouco mais quentes e mais favoráveis a uma vida onde se consome menos energia. Porém, a pegada ecológica dos dois perfis de países se caracteriza por uma exploração muitas vezes danosa para o meio ambiente. Assim, mesmo os países que possuem um IDH baixo têm uma pegada relativamente baixa, mas em ascensão. É possível reverter esse quadro? Sim. Existe todo um movimento global efetivo para reverter esse quadro. Nos países que têm IDH alto, a tentativa é de estabelecer outras formas de consumir energia, por exemplo, com a energia dos ventos e a energia solar. Como a pegada ecológica do Brasil se enquadra nesse panorama? O Brasil está em posição mediana no que diz respeito à pegada ecológica e também mediana no que diz respeito ao IDH. Estamos em uma situação favorável, porque a gente pode ainda estimular a preservação ambiental, ao mesmo tempo em que a nossa sociedade se desenvolve. Nosso país é um dos poucos do mundo que tem condição para avançar com pouca pegada. Porém, nós temos alguns danos já causados aqui no Brasil, como por exemplo, a poluição das águas e a degradação das florestas, que são os grandes fatores de pegada ecológica brasileira. Qual o grande desafio para frear o aumento da pegada ecológica tanto no Brasil quanto no mundo? No mundo a energia é o que desponta como o grande desafio, porque quando a gente consome energia de origem fóssil, emite muito CO2 e isto cria o problema do efeito estufa. Existe também o tema da extinção das espécies e outro ponto de limite planetário que está sendo ultrapassado, que é uso de potássio e nitrogênio nas plantações. Está havendo o uso excessivo destes insumos para produzir alimentos em uma escala cada vez maior e com maior produtividade. Os grandes desafios que temos hoje no mundo em relação à pegada ecológica se referem a energia, biodiversidade e cultivo de alimentos. (Envolverde) Fonte: http://envolverde.com.br/sociedade/entrevista-sociedade/o-desafio-de-crescer-sem-degradar-entrevista-com-claudio-boechat-2/

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