quarta-feira, 29 de maio de 2013

Genesis: Jornada Fotográfica De Sebastião Salgado


Data de início: 29/05/2013 das 09:00:00 às 17:00:00 | Data de término: 26/08/2013 das 09:00:00 às 17:00:00


Um retrato das belezas de um mundo intocado e imune às radicais mudanças ambientais e sociais que transformam o planeta. Este é o projeto GENESIS, exposição do fotógrafo Sebastião Salgado, resultado de uma jornada empreendida pelo autor a cantos intocados do globo, em cartaz no Museu do Meio Ambiente entre os dias 29.05 a 26.08.

GENESIS é a terceira exploração de longa duração do fotógrafo, depois da série Trabalhadores e Êxodos. “Uma jornada às paisagens terrestres e aquáticas, às pessoas e aos animais que permaneceram intocados, preservados do mundo acelerado dos nossos dias. Um testemunho de que nosso planeta ainda abriga vastas e remotas regiões onde a natureza reina em silenciosa e imaculada majestade”, descreve Sebastião Salgado.

A mostra traz ao Museu do Meio Ambiente 245 imagens que prometem tirar o fôlego dos visitantes, ao mesmo tempo em que ressaltam as radicais mudanças ambientais que impactam nossa paisagem natural.

O fotógrafo, que tradicionalmente trabalha com imagens em preto-e-branco, repete a técnica em GENESIS. Ao longo de oito anos, viajou por mais de 30 lugares, explorando ambientes remotos e de difícil acesso. Antártica, Ilhas Galápagos, África e Alasca são alguns dos cenários que ambientaram as cenas retratadas. As imagens consolidam aquilo que o próprio autor considera como uma carta de amor ao planeta.

GENESIS fica em cartaz de 29.05 a 26.08, de terça a domingo, das 9h às 17h. Livre, gratuito.

Museu do Meio Ambiente
Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Rua Jardim Botânico, 1008
museudomeioambiente.jbrj.gov.br

(21) 2294-6619

Endereço:

Rua Jardim Botânico, 1008 - Jardim Botânico - Rio de Janeiro
Rio de Janeiro

Técnicas de pesca pode acelerar a morte de baleias, diz estudo.


Cientistas analisaram impacto de redes de arrasto em exemplar de baleia.
Caça e migração de espécimes podem ser afetados por atividade.

Do G1, em São Paulo
A baleia Eg 3911 é vista presa em rede de arrasto. Cientistas afirmam que técnicas de pesca reduzem a capacidade de migração e caça das baleias e podem provocar a morte delas (Foto: Cortesia de EcoHealth Alliance)A baleia Eg 3911 é vista presa em rede de arrasto. Cientistas afirmam que técnica de pesca reduz a capacidade de migração e caça das baleias e pode provocar a morte delas (Foto: Cortesia de EcoHealth Alliance)
Um monitoramento feito por cientistas durante quase dois anos com um exemplar de baleia-franca-do-Atlântico-Norte (Eubalaena glacialis) concluiu que técnicas de pesca utilizadas por humanos, como as redes de arrasto, reduzem a capacidade de caça e migração desses mamíferos aquáticos e podem causar a morte de espécimes.

O estudo, publicado neste mês no periódico “Marine Mammal Science”, detalha o monitoramento da baleia batizada Eg 3911, encontrada em 2010 na região da Flórida, nos Estados Unidos
De acordo com os pesquisadores, um equipamento experimental chamado de DTAG, desenvolvido pelo Instituto Oceanográfico Woods Hole e que foi instalado na baleia, captou os movimentos do animal durante o período analisado.
Os cientistas verificaram os mergulhos do animal e detectaram que, quando a baleia ficou presa em redes de arrasto, seus mergulhos e a profundidade alcançada por ela eram alterados negativamente. Além disso, para remover o equipamento, os pesquisadores utilizavam sedativos, que também provocavam a redução da velocidade de natação.
Com as informações do DTAG, os pesquisadores desenvolveram cálculos a partir das medições e constataram que ao ficarem presas em redes de pesca, as baleias passam a gastar até 102% mais energia para escapar do material e reduzem sua velocidade em 20%.
Óbito
Durante o estudo, a baleia Eg 3911 apareceu morta e os cientistas verificaram que a causa foi o fato dela ter ficado enroscada em uma rede de arrasto, que lhe causou ferimentos crônicos. Agora os cientistas querem conscientizar pescadores sobre os prejuízos à vida marinha ao utilizar equipamentos predatórios durante as atividades pesqueiras.
As baleias-francas-do-Atlântico-Norte estão à beira da extinção e são um dos grandes animais raros da terra, de acordo com os cientistas. Estima-se que a população desta espécie varie de 350 a 550 animais no mundo todo.

Zoos e aquários têm papel importante na conservação


Tucano-de-bico-preto fotografado no Parque das Aves, em Iguaçu. Fonte: Wikimedia Commons
Ano passado dei uma palestra sobre zoos e aquários como ferramentas de conservação da biodiversidade para um público formado essencialmente por pessoas da área de biológicas.

Após a palestra, uma estudante de biologia me procurou dizendo "Nossa, adorei sua palestra, sempre achei que zoológicos não serviam para nada!". Depois dos três primeiros segundos de indignação, me toquei que na verdade, antes de trabalhar em um zoo eu também não entendia a importância.

Zoos e aquários têm quatro pilares de ação que são educação, lazer, pesquisa e conservação. Cerca de 10% da população mundial visita zoos e aquários anualmente. Só no Brasil, são mais de 20 milhões de pessoas. Que outra instituição tem este público? Ou a possibilidade de fazer um trabalho de educação e sensibilização para questões ambientais com um alcance tão grande? Se uma das principais ameaças para várias espécies animais é o tráfico, e se governo obviamente não tem "pernas" para combatê-lo, que estratégia mais eficiente do que conscientização nós teríamos? Operações de fiscalização resolvem uma parcela ínfima do problema. Conscientização atinge milhões de pessoas, e o contato com as animais pode provocar uma mudança real de atitude.

Em um mundo tão cheio de estímulos, acredito que o encantamento que uma pessoa experimenta quando observa um animal é imbatível. Considerando que poucos de nós teremos recursos para viajar o mundo observando animais na natureza, zoos e aquários podem realizar esta incrível tarefa de gerar empatia e conexão.

Creio que a maior parte dos argumentos contra zoos são decorrentes de falta de informação, talvez uma falha nossa de comunicação, que cria uma visão equivocada. Afinal, quantas pessoas sabem que, no mundo todo, zoos são a terceira maior fonte de financiamento de programas de conservação, com uma contribuição anual de cerca de US$ 350 milhões?

Com uma taxa de extinção que cresce a cada dia e uma acelerada perda e descaracterização de ambientes naturais, programas que consigam manter populações demográfica e geneticamente sustentáveis em cativeiro são cada vez mais importantes.

Uma análise realizada em 2012 mostrou que das 33 espécies animais atualmente classificadas como extintas na natureza pela IUCN, 31 são reproduzidas em zoos e aquários, e seis delas já estão sendo reintroduzidas na natureza graças ao trabalho de reprodução para conservação realizado em cativeiro. Na última atualização da Lista Vermelha de espécies ameaçadas da IUCN, 64 espécies de vertebrados melhoraram seu status de conservação, sendo 13 delas devido à reprodução em cativeiro, com a contribuição significativa de zoos e aquários, através de suporte técnico, logístico e financeiro.

Recuperando espécies

Tenho visto com frequência discursos anti-zoos e pró-santuários (...) Não importa se o nome dado é zoológico, refúgio, santuário, centro de proteção à vida ou qualquer outro. A atividade é a manutenção de animais sob cuidados humanos.
Existem inúmeros e bem documentados exemplos de espécies extintas na natureza que foram recuperadas graças ao trabalho de reprodução em cativeiro feito por zoológicos. Alguns casos notáveis são o condor da Califórnia, o cavalo de Przewalski (Mongólia) e o furão-de-patas negras (Estados Unidos).

No Brasil, o mico-leão dourado é um bom exemplo de como o trabalho cooperativo entre zoos possibilitou reintroduções e melhoria do status de conservação da espécie. 

Em 2012, no Congresso da Associação Mundial de Zoológicos e Aquários (WAZA) conheci uma campanha do Zoos Victoria, na Austrália, para que as pessoas não comprem produtos com palm oil, pois as plantações acabam com florestas na Indonésia ameaçam, entre outras espécies, os orangotangos. O impacto foi tão grande que produtores de óleo e indústrias que o utilizam em seus produtos procuraram os zoos dizendo "O que temos que fazer para que vocês retirem estes banners? 

Pensem nas possibilidades....são 700 milhões de pessoas por ano!

Tenho visto com frequência discursos anti-zoos e pró-santuários. Na verdade, isto é apenas uma mudança de nome. Não importa se o nome dado é zoológico, refúgio, santuário, centro de proteção à vida ou qualquer outro. A atividade é a manutenção de animais sob cuidados humanos. O desafio é garantir que estas instituições trabalhem bem, e vesti-las com outra roupa é uma solução simplista e equivocada.

Uma discussão sobre a melhoria das instituições zoológicas no Brasil é bem vinda (ou melhor, urgente e imprescindível), mas é muito importante conseguir identificar claramente o problema. A questão da qualidade dos zoos é (ou deveria ser) uma responsabilidade compartilhada por zoos, pelas instituições governamentais que os mantém e pelos órgãos responsáveis por sua fiscalização. 

A grande questão não é se zoos devem ou não existir, mas sim como todas as instâncias responsáveis pela melhoria de sua qualidade podem trabalhar de forma eficiente e integrada para garantir que eles trabalhem bem e cumpram sua missão.

 *Yara de Melo Barros é presidente da Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil


Fonte: 
http://www.oeco.org.br/convidados-lista/27224-zoos-e-aquarios-tem-papel-importante-na-conservacao

Indiano planta (sozinho) floresta do tamanho de 800 campos de futebol


Débora Spitzcovsky

Dizem que todo homem deve plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho, mas o indiano Jadav “Molai” Payeng caprichou tanto na primeira tarefa que, talvez, tenha permissão para abrir mão das outras duas. Ele plantou sozinho (!) umafloresta de cerca de 1.400 acres – o que equivale a 560 hectares ou à área de 800 campos de futebol oficiais.

O plantio começou há mais de 34 anos, com um grande objetivo: salvar a Ilha de Majuli, localizada no nordeste da Índia, onde Payeng morava. O local estava fadado a desaparecer: considerada a maior ilha fluvial do mundo, Majuli sofria com aerosão do solo, provocada por inundações causadas pelo aquecimento global, e chegou a ter mais de 70% de seu território “engolido” pelo rio Brahmaputra.
Casas e fazendas tiveram que ser abandonadas e os animais da região começaram a morrer por não ter onde se abrigar do calor excessivo. Diante da situação, Payeng foi pedir ajuda ao governo, mas como resposta ouviu que o máximo que cresceria na região seriam bambus.
Sem ajuda, ele resolveu salvar a ilha por conta própria. E conseguiu! Payeng plantou mudas de diversas espécies em Majuli e, 34 anos depois, “construiu” uma floresta na Ilha, que é lar de animais como elefantes, tigres, rinocerontes e vários tipos de aves.
Payeng também vive por ali, em uma pequena casa que construiu por conta própria. Realizado, ele tem uma pequena fazenda, onde cultiva para subsistência, e agora será protagonista de cinema. Ele é tema do documentário Forest Man, dirigido porWill McMaster, que, além de mostrar a saga do indiano para plantar a floresta –batizada de Molai’s Woods –, vai retratar os impactos das mudanças climáticasna humanidade.
Produzido por meio de crowdfunding, o documentário deve estrear ainda em 2013 e é uma história e tanto para esta quarta-feira (22), quando é comemorado o Dia Internacional da Biodiversidade. “Payeng é um exemplo do que um homem determinado pode fazer pelo meio ambiente”, disse McMaster. Curioso para assistir ao filme? Veja, abaixo, o vídeo postado na plataforma de financiamento coletivo KickStarter.    
Fotos: Reprodução/Forest Man

Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/blog-da-redacao/indiano-planta-sozinho-floresta-do-tamanho-de-800-campos-de-futebol/

terça-feira, 28 de maio de 2013

Uma ponte perto demais



A obra durou três anos e meio e custou 1 bilhão de reais. A inauguração, em outubro de 2011, no aniversário da cidade de Manaus, teve a presença da presidente Dilma Rousseff. O resultado foi uma ponte que pela primeira vez unia as duas margens do Rio Negro, ligando Manaus aos municípios da margem direita do rio -- Iranduba, Manacapuru e Novo Airão -- que fazem parte da região metropolitana da capital do Amazonas. A obra trouxe grandes expectativas: facilitar o crescimento urbano, incrementar o turismo e ajudar o desenvolvimento econômico. Em teoria, o progresso havia chegado, era só percorrer os 3,5 quilômetros de extensão da ponte.

Conhecida como Ponte Rio Negro, ela é a primeira a ligar as suas margens. Com extensão de 3,5km, foi inaugurada em outubro de 2011. Fotos: Marco Isensee
Um ano e meio depois, os efeitos já podem ser mensurados, mas com um preço socioambiental que não entrou no custo da Ponte Rio Negro, como foi chamada. Houve uma disparada dos negócios imobiliários em uma área, como em toda a Amazônia, de regularização fundiária precária. Os conflitos por terra aumentaram e a criminalidade também. Cresceu o desmatamento e o esperado pulo do turismo ecológico não ocorreu. 

“Por enquanto, a única população que cresceu foi a de bandidos”, provoca Elivandro Araújo de Azevedo, comerciante de Iranduba. 

Nos municípios vizinhos de Manacapuru e Novo Airão o problema é parecido: a violência mudou a rotina dos moradores. “Antigamente eu dormia com a casa aberta e agora tranco tudo, tenho vigia no meu restaurante e dois cachorros pra tomar conta”, afirma Arthur Marcos Araújo dos Santos, comerciante e agricultor. Em seu restaurante (Flutuante da Yara), localizado na Rodovia Manuel Urbano (AM-070), que liga Manaus a Manacapuru, o número de frequentadores não aumentou. 

Em Novo Airão, que fica a aproximadamente 200 km de Manaus, um fato curioso ocorreu. O número de turistas aumentou, mas o seu tempo de permanência na cidade caiu. Afinal, se é mais rápido chegar, também é retornar à Manaus. No balanço, os comerciantes acham que a qualidade do turismo local piorou. 

Na região, fica o Parque Nacional de Anavilhanas. Priscila Santos, chefe do parque, afirma que condicionantes previstas no licenciamento da ponte não foram cumpridas: “Entre as várias, destaco duas: a implementação de um posto de fiscalização no entroncamento das rodovias AM-070 e AM-352; e a construção de um sistema de saneamento básico para a cidade de Novo Airão”.

Clique nas imagens para ampliá-las e ler as legendas.

Conflitos fundiários

A Região Metropolitana de Manaus foi decretada em 2007, e inclui 8 municípios ao redor da cidade, entre eles, os da margem direito do Rio Negro. A Ponte do Rio Negro busca integrá-los à malha da capital amazonense. Manaus cresce em um ritmo acelerado, com taxas de aumento populacional de 2,2% ao ano, quase o dobro da média nacional de 1,17%. E a sua região metropolitana acompanha. Entre 2000-2010, Iranduba cresceu 2,3% e Manacapuru 1,45% ao ano. A expectativa em Iranduba é que a população pule dos atuais 40.781 para 64.895 habitantes até 2030. 

Para Philip Fearnside, pesquisador do INPA que estuda problemas na Amazônia desde 1974, “é evidente a ligação entre a abertura da ponte e o aumento do desmatamento e da especulação das terras no triângulo entre os rios Negro e Solimões”. 

O loteamento Amazonas, na estrada principal de Iranduba, é um exemplo de crescimento imobiliário adentrando os remanescentes florestais.
Este é o caso do PIC (Projetos Integrados de Colonização) Bela Vista, em terras de colonos da reforma agrária do projeto Terra Legal. Lá, as terras que deveriam ser usadas apenas para atividades agrícolas e pecuárias foram desmatadas e retalhadas em lotes que estão à venda por José Ivo Ferreira, que se diz dono e atua como corretor imobiliário. Mas sua posse é contestada por outros colonos que afirmam que ele não tem direitos de assentado. O caso foi parar na justiça, com processos encaminhados ao Incra, Secretaria Extraordinária de Regularização Fundiária na Amazônia Legal (SERFAL), no Ministério Público (entre outros), além de denúncias à polícia local. 

Elivandro Araújo Azevedo, que é assentado cadastrado no Terra Legal, afirma que, desde fevereiro de 2012 (quatro meses após abertura da ponte), sofre ações ilegais e ameaças de Ferreira. “[ele] desmatou e abriu estradas na minha área, na área preservada de APP (Área de Proteção Ambiental), onde nem eu poderia desmatar”. Outro colono, Celso Sobrera, teve suas terras invadidas e toda a sua plantação derrubada por tratores”. “Quando nós vamos até as nossas áreas ele nos ameaça”, disse. 

No início do mês de março, Mario Jorge Rocha, outro assentado local, sofreu um atentado a bala e os três tiros no peito o deixaram por quase dois meses na UTI do hospital 28 de Agosto, em Manaus. Durante essa reportagem, no dia 9 de abril, ((o))eco presenciou José Ivo Ferreira discutir com Elivandro Azevedo e ameaçá-lo. Parte da discussão foi registrada no vídeo abaixo. O caso foi parar na delegacia com denúncias mútuas de ameaça e invasão de terras.

Segundo a assessoria de imprensa do Ministério do Desenvolvimento Agrário, a Serfal (Secretaria Extraordinária de Regularização Fundiária na Amazõnia Legal) tem atuado para garantir a destinação para a reforma agrária das terras federais dentro da gleba Iranduba do Pic Bela Vista. Até o momento, a Serfal já realizou o georreferenciamento de todo o perímetro da gleba – etapa fundamental para o processo que leva à titulação do terreno. Entretanto, a regularização avança somente nas posses “mansas e pacíficas”, aquelas que não estão sob disputa.

Luiz Antônio Souza, coordenador estadual do programa Terra Legal (SERFAL-MDA), afirma que as invasões aumentaram. “Temos recebido inúmeras reclamações de invasões de lotes desde os meses que antecederam a abertura da Ponte Rio Negro”, diz. “Manaus não tem áreas para sua expansão física. Assim, a ponte é, também, uma estratégia de promover o deslocamento dos investimentos em moradia para o município de Iranduba”. Ele considera que, em Manaus, a chamada conurbação (unificação da área urbana) é irreversível. “Agora, me preocupo com o modelo de ocupação. Temos duas opções: ou o poder público aponta direção e regula e fiscaliza, ou teremos processos de favelização de toda ordem, como já ocorreu em Manaus nos últimos 30 anos”.


A placa aponta a irregularidade: terrenos à venda em área de reforma agrária destinada somente para agricultura e pecuária.
O governo acena com outra série de investimentos para acelerar o processo de crescimento: são exemplos a duplicação da Rodovia Manuel Urbano (AM-070), a expansão da Zona Franca Industrial para toda a região metropolitana e a construção da Cidade Universitária em Iranduba. Para Philip Fearnside, “agora, o perigo maior é a possibilidade de construção de outra ponte sobre o rio Solimões para ligar com a rodovia BR-319”. Esta rodovia ficou abandonada desde 1988. No momento, está sendo recuperada. Quando pronta, fará a ligação entre Manaus e Porto Velho, a capital de Rondônia. Quando isso acontecer, será como aproximar o estado do Amazonas do “Arco do Desmatamento”


Fearnside diz que é direta a relação entre a abertura de rodovias, o desmatamento e as invasões de terras públicas, seja de pequenos proprietários ou grandes grileiros. Assim ocorreu com as estradas AM-070 e AM-352, que ligam Manaus a Iranduba, Manacapuru e Novo Airão. A reabertura da BR-319 deve ter o mesmo efeito, acredita o pesquisador. No entanto, diz ele, a obra é popular porque as pessoas vislumbram o desenvolvimento econômico sem computar os custos socioambientais.

Olarias

A produção de tijolos é uma das principais atividades dos municípios de Iranduba e Manacapuru. Localizadas principalmente à beira da AM-070 e AM-352, as olarias da região atendem a 80% da demanda de tijolos do estado e empregam 2 mil pessoas. O problema é que a maior parte da matéria-prima desta atividade (argila e madeira para aquecer os fornos) é extraída ilegalmente nas margens das rodovias e em áreas de Unidades de Conservação, como a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Rio Negro, a Área de Proteção Ambiental da Margem Direita do Rio Negro e o Parque Nacional de Anavilhanas.

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A opção do ecoturismo

Jean-Daniel Vallotton é um suíço que mora em Novo Airão e lá, em 1997, criou a Fundação Almerinda Malaquias, que organiza os locais para produzir artesanato. Junto com Miguel Rocha da Silva, outro fundador da Almerinda Malaquias, Jean viu no reaproveitamento de sobras da construção naval (uma das principais atividades do município na época) a possibilidade de geração de renda na região. “A fundação é, hoje em dia, um centro de formação, que promove o uso racional e correto dos resíduos de madeira”, diz. O projeto também reduz a pressão de desmatamento sobre a floresta. Entretanto, o sucesso da iniciativa é isolado. 

Artesão da Fundação Almerinda Malaquias: fonte alternativa de renda e reaproveitamento de sobras da construção naval.
Outra atividade que prosperou em Novo Airão foi o turismo para ver os botos cor-de-rosa. Ele começou literalmente pelas mãos de Marilda Medeiros que, em seu restaurante flutuante na beira do Rio Negro, criou o hábito de alimentar os botos. A presença dos animais atraiu os turistas e aos poucos tornou Novo Airão famoso.

O boto-cor-de-rosa é o principal atrativo turístico do município de Novo Airão. O projeto de ordenamento da atividade está em andamento.
O restaurante fica dentro do Parque Nacional de Anavilhanas, o segundo maior arquipélago fluvial do mundo, com 400 ilhas e 350.000 hectares. Em 2010, o conselho consultivo do parque criou o Grupo de Trabalho Boto. Promoveu-se reuniões e seminários com a participação de órgãos públicos e representante da sociedade civil até chegar a um ordenamento do turismo de avistamento dos botos cor-de-rosa. 

Hoje, ao contrário do que se praticava, os botos recebem um máximo de 2 quilos de peixe por dia. A alimentação é feita por funcionários treinados do flutuante e os visitantes só podem mergulhar na plataforma de 1,2 metro de profundidade. Segundo Priscila Santos, “a médio prazo, o plano é regular esse turismo através de concessões para a exploração privada. Mas é preciso rever o Plano de Manejo do parque e elaborar o estudo de viabilidade econômica do turismo com botos”.

O Parque Nacional de Anavilhanas se tornou uma das grandes atrações da Amazônia. Ele está dentro da Reserva da Biosfera da Amazônia Central, é Patrimônio Natural da Humanidade, candidato a Sítio Ramsar e recebe recursos do Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA). A sua infraestrutura operacional é boa. Tem três bases avançadas, sede administrativa, ancoradouro, alojamento e uma frota de embarcações suficiente para monitorá-lo. Tem tudo para se tornar um destino mundial de ecoturismo. 

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Segundo Alexandre David Dantas, analista ambiental do Anavilhanas, “a estratégia para fomentar o turismo é divulgar, além dos botos, outros atrativos do parque”. E são muitos, tais como praias fluviais, sítios arqueológicos, ruínas de Velho Airão, trilhas e cachoeiras.

Hoje, a economia local depende de suas atividades tradicionais, agricultura e pecuária. A indústria também está chegando. A esperança é que o ecoturismo possa ser uma saída para balancear o desenvolvimento da região. Ao contrário de ajudar nesse objetivo, a Ponte do Rio Negro atrapalhou.

No filme sobre a Segunda Guerra “Uma ponte longe demais” (A bridge too far), de 1977, o tenente-general Frederick Browning diz ao marechal-de-campo Bernard Montgomery antes de uma operação: "Eu acho que podemos estar indo para uma ponte longe demais". Ao contrário, a Ponte Rio Negro trouxe os problemas urbanos para perto.

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*Contribuiram para esta matéria: Vandré Fonseca, Yara Camargo (FVA), Sergio Henrique Borges (FVA), Francisco Oliveira (SMA - Novo Airão), Cristina Tófoli (IPÊ), Paula Piccin (IPÊ) e Henrique Seixas Barros.

Fonte: http://www.oeco.org.br/reportagens/27208-uma-ponte-perto-demais

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Novo Código Florestal: um ano, nada de novo


por Nathália Clark, do Greenpeace
desmatamento1 Novo Código Florestal: um ano, nada de novo
Desmatamento, que estava em queda, tem nova tendência de alta. Uma das razões: o novo Código Florestal, que completa um ano hoje. Foto: Greenpeace/Daniel Beltrá

No sábado, o texto que desconfigurou o Código Florestal completou seu primeiro aniversário desde que foi sancionado pela presidente Dilma Rousseff. Antes de ser aprovado, o novo texto passou os últimos dois anos sendo alvo de intensa disputa no Congresso Nacional. De um lado, a bancada ruralista tinha pressa em tratorar a legislação que zelava pelas florestas brasileiras. De outro, cientistas, representantes da academia, juristas e organizações civis que prezam pela preservação do meio ambiente, além de mais de 80% da população, clamavam por serem ouvidos. Hoje, passado um ano, o que vemos são os mesmos problemas do passado.
À época das acaloradas negociações, a gana ruralista e a anuência do governo eram tais que impediram um diálogo equilibrado com setores fundamentais da sociedade. De lá para cá, a pressa deu lugar à delonga e, fora isso, nada mudou. O processo de implementação da legislação estagnou-se e os conflitos no campo seguem a todo vapor. Com a concessão da anistia a quem desmatou ilegalmente e novas brechas para mais desmatamentos, os grandes proprietários de terra se sentem no direito de descumprir também a nova lei, já suficientemente permissiva.
“A aprovação do novo Código Florestal foi uma derrota para as florestas. A nova lei abre um precedente para que ilegalidades sejam repetidas, pois traz o entendimento de que elas podem ser facilmente perdoadas”, afirmou Marcio Astrini, da campanha Amazônia do Greenpeace. “Mas para um país que se preocupa com sua população e as futuras gerações, e que quer ocupar um lugar de destaque no cenário internacional, o desmatamento e a destruição florestal não são aceitáveis. E esse tipo de demora na implementação não ajuda a solucionar o problema no campo.”
Enquanto o governo não se movimenta para fazer de fato valer a nova lei, aqueles que defendem o agronegócio nunca param de se articular. E o discurso permanece o mesmo: o de que os proprietários rurais não consegirão cumprir as exigências que, a duras penas, conseguiram ser mantidas. A sociedade civil, que foi praticamente excluída do debate para aprovação do texto, continua com pouco espaço para participação. Somente nesta última semana a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, criou uma comissao para acompanhar o processo.
“Depois da árdua batalha que foi travada, esperávamos que essa pauta fosse tratada de forma prioritária, mas não. O Cadastro Ambiental Rural, que é base para uma série de políticas, como a fiscalização do cumprimento dos limites da Reserva Legal, não possui sequer um roteiro de como será implementado. Enquanto isso, as únicas coisas que mudaram foram as taxas de desmatamento, que estão em nova tendência de crescimento, e a anistia – essa, sim, já em funcionamento. No momento em que se pedia mais tempo para discutir melhor, o goveno agiu de forma atropelada. Agora que é preciso urgência, a sociedade se pergunta onde foi parar toda aquela pressa”, questiona Astrini.
* Publicado originalmente no site Greenpeace.
(Greenpeace) 

Fonte: http://envolverde.com.br/ambiente/novo-codigo-florestal-um-ano-nada-de-novo/

Relatório de impacto ambiental omite informações sobre fauna


O capítulo sobre quelônios do relatório de impacto ambiental do projeto de navegabilidade do Capibaribe, disponível no site da CPRH, no lugar de listar cágados que vivem no rio cita e ilustra com belas fotos as cinco espécies de tartarugas marinhas registradas ao largo da costa brasileira. Pelo visto, a empresa catarinense contratada pelo governo do Estado, autor da obra, para apontar impactos da dragagem e construção de píeres não entende nada do rio ou elaborou o documento a toque de caixa. Ou pior: omitiu, para não desagradar o cliente, espécies como a Mesoclemmys tuberculata, endêmica do Nordeste, que serão sugadas pelas dragas e cuspidas junto com lama no bota-fora.