sexta-feira, 5 de julho de 2013

População de onça-pintada caiu 90% no Parque Nacional do Iguaçu




Dos muitos temas debatidos no Fórum Mundial do Meio Ambiente, que ocorreu de 21 a 22 de junho, em Foz do Iguaçu, um em especial chama a atenção. Pesquisadores apontaram uma queda de 90% no número de onças-pintadas encontradas no Parque Nacional do Iguaçu. A estimativa é que existam apenas 18 numa região que já teve registro de 180 desses animais. As informações foram divulgadas por Marina Xavier da Silva, coordenadora do projeto Carnívoros do Iguaçu, e por Ronaldo Morato, coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O monitoramento, que teve uma lacuna de dez anos, voltou a ser feito em 2009. Agora, o projeto é mantido pela Orient Express, que é dona do Hotel das Cataratas. A iniciativa foi prevista na licitação para a concessão do hotel.
“Análises genéticas que fizemos em 2010 na população indicam que ela está sofrendo e, se não tiver ações eficazes e rápidas, a probabilidade de extinção é de 80 anos, de acordo com os modelos matemáticos. Há a necessidade de empenho de todos”, afirmou Morato. Ainda segundo ele, em 2011 a revista Science publicou um estudo que mostrou que a perda de grande predador numa área pode levar ao desaparecimento desse ambiente, o que é muito preocupante.
O Parque Nacional do Iguaçu é uma Unidade de Conservação brasileira. Localizado na região do extremo oeste paranaense, fica a 17 km do centro da cidade de Foz do Iguaçu e a apenas 5 km do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu. Há muitas estradas e pequenas propriedades na região e o parque sofre com a caça, pesca e exploração ilegal de palmito.
De acordo com Morato, não existe hoje mais o registro de queixadas no parque, que são as presas preferidas da onça-pintada. “Então, o risco de extinção da onça também é grande”, afirma.
Jorge Pegoraro, chefe do parque, explica que graças a um convênio com a Polícia Ambiental do Paraná existe uma corporação de 40 homens dentro da unidade, trabalhando em escalas. “Mesmo assim, ainda é pouca gente. Falta pessoal, faltam recursos e estrutura, como caminhonete e postos nos diversos municípios, para coibir os crimes”.
Patrimônio ameaçado
O Parque Nacional do Iguaçu abriga o maior remanescente de Mata Atlântica da região sul do Brasil e protege uma riquíssima biodiversidade, constituída por espécies representativas da fauna e flora brasileiras, das quais algumas ameaçadas de extinção.
O Parque foi a primeira Unidade de Conservação do Brasil a ser instituída como Sítio do Patrimônio Mundial Natural pela UNESCO, no ano de 1986. Unido pelo rio Iguaçu ao Parque Nacional Iguazú, na Argentina, o Parque integra o mais importante contínuo biológico do Centro-Sul da América do Sul, com mais de 600 mil hectares de áreas protegidas e outros 400 mil em florestas ainda primitivas, responsabilidade ímpar para ações conjuntas entre brasileiros e argentinos nos esforços de preservação deste tão importante patrimônio mundial.
Protesto condenou estrada no Parque
No domingo (23), ambientalistas e personalidades se reuniram no Parque Nacional do Iguaçu para protestar contra a abertura da Estrada Caminhos do Colono. A construção da “Estrada-Parque Caminho do Colono”, proposta pelo Projeto de Lei (PL) 7.123/2010 impactará e colocará sob ameaça a conservação da biodiversidade em Iguaçu. O Parque Nacional do Iguaçu com seu exuberante conjunto de cataratas é orgulho nacional, considerado uma das 7 Maravilhas da Natureza e Patrimônio Mundial da Humanidade.
Para legalizar a estrada, o Projeto de lei nº 7123, de 2010, de autoria do deputado ruralista Assis do Couto (PT-PR), incluiu o conceito estrada-parque na Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), o que prejudica não só o Parque Nacional do Iguaçu como as outras Unidades de Conservação nacionais, pois abre precedentes para a abertura indiscriminada de estradas no interior dessas unidades.

Fonte: http://ciclovivo.com.br/noticia/populacao-de-onca-pintada-caiu-90-no-parque-nacional-do-iguacu

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