segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Biodiversidade em fragmentos florestais é ainda mais vulnerável do que se pensava


por Fernanda B. Müller, do CarbonoBrasil
0.099375001380300901 desmatamento2 Biodiversidade em fragmentos florestais é ainda mais vulnerável do que se pensava
Há décadas, conservacionistas vêm ressaltando que os danos causados pelo desmatamento sobre os ecossistemas vão muito além da área devastada, atingindo profundamente os remanescentes florestais do entorno.
A fragmentação causada pelas manchas de desmatamento é um problema sério em nosso país, em especial na Mata Atlântica. Impactos, como o efeito de borda, que altera a vida presente nas áreas mais exteriores, já são bem conhecidos por ciências como a Biologia da Conservação.
Um novo estudo vem para contribuir na compreensão dessas interações entre o mundo exterior e os pequenos remanescentes florestais de áreas intensamente exploradas pelo homem.
Pesquisadores australianos avaliaram um caso na Tailândia durante 25 anos e concluíram que mamíferos nativos foram extintos neste período com o isolamento de outros fragmentos.
O estudo foi realizado em um conjunto de ilhas recém-constituídas devido à construção de uma hidroelétrica que inundou uma vasta área. Cinco anos após o isolamento, as ilhas com menos de dez hectares haviam perdido quase todos os pequenos mamíferos.
Ao visitar as ilhas 20 anos depois, os pesquisadores descobriram que as ilhas maiores tiveram o mesmo destino. Apenas um mamífero permaneceu em abundância, o rato malaio (Rattus tiomanicus), uma espécie exótica que não se sai bem em florestas maiores.
Duas parecem ter sido as causas da extinção local. Uma é o isolamento, que causou uma pobreza genética e não permitiu a recolonização dos locais com declínio populacional.
Outra é competição que os pequenos mamíferos tiveram que enfrentar com os ratos.
“Tais invasões bióticas estão se tornando cada vez mais comuns em paisagens modificadas pelo homem. Portanto, nossos resultados são particularmente relevantes para outras florestas fragmentadas e indicam que pequenos fragmentos são potencialmente ainda mais vulneráveis à perda de biodiversidade do que se pensava”, alertam os pesquisadores na última edição da revista Science.
* Publicado originalmente no CarbonoBrasil.

Principais conclusões do novo relatório sobre mudanças climáticas


Guardian* - 27/09/13

1024px-Enchente em Trizidela do Vale (MA) 3rizidela do Vale (MA) - O município de Trizidela do Vale tem quase 90% da populaçao atingida pelas as enchentes Foto: Antônio Cruz/ABr
 O clima global já mudou em muitos aspectos, que não tem precedentes nas últimas centenas ou milhares de anos, foi a conclusão de cientistas e governos do mundo no novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC). Essas mudanças têm afetado todas as regiões do globo, na terra e no mar. Emissões de carbono contínuas irão produzir mais ondas de calor, aumento do nível do mar, o derretimento do gelo e condições climáticas extremas. As mudanças vão durar séculos e limitar seus efeitos exigiria cortes "substanciais e sustentados" das emissões de dióxido de carbono, dizem os cientistas.
Temperaturas
Os cientistas têm agora pelo menos 66 % de certeza que as últimas três décadas são as mais quentes em 1.400 anos, com um aumento da temperatura global de 0.9º C ocorrido no século passado. No entanto, mais de 90 % do calor gerado por gases do efeito estufa está armazenado nos oceanos. Até a metade deste século, os cientistas preveem um novo aumento de 1,4º a 2,6º C se as emissões de carbono continuarem a subir na tendência atual. Se as emissões forem interrompidas quase imediatamente e uma quantidade de carbono significativa saísse da atmosfera, o aumento até meados do século seria de 0,4º a 1,6º C.
Os cientistas preveem que a temperatura média entre 2080 e 2100 será de 2,6º a 4,8º C maior do que hoje se as emissões não forem controladas. Eles têm 90 % de certeza de que as ondas de calor serão mais frequentes e mais longas.
Nos oceanos, o forte aquecimento da superfície -- de até 2º C em 2100 -- é esperado nas regiões tropical e subtropical, uma grave ameaça para os recifes de coral que sustentam boa parte da vida marinha. Os cientistas concluíram que um colapso da Corrente do Golfo que aquece a Europa ocidental, dramatizada no filme “O Dia Depois de Amanhã”, é muito improvável neste século, mas não pode ser descartada mais à frente.
Oceanos
O nível global do mar já subiu 20 centímetros no século passado, e os cientistas estão agora 90 % certos de que essa taxa vai aumentar. A linha de maré está subindo com o derretimento das geleiras e as camadas de gelo perdidas despejam centenas de bilhões de toneladas de água nos oceanos a cada ano. Um fator igualmente importante é o aquecimento -- e, portanto, a expansão -- da própria água do mar.
As novas projeções para o nível médio do mar no período 2080-2100 são maiores do que as feitas no relatório de 2007, variando de 45-82 centímetros acima do nível atual, se nada for feito para reduzir as emissões, para 26-55 centímetros, caso as emissões de carbono sejam interrompidas e revertidas. No primeiro caso, o nível do mar poderá acumular um aumento de 98 centímetros até o final do século, ameaçando seriamente cidades que vão de Xangai a Nova York, além de significar danos maiores quando furacões e ciclones atingirem regiões costeiras.
Projeções sobre o nível do mar têm sido controversas, porque não é bem conhecida a velocidade exata em que as geleiras e camadas de gelo irão deslizar para o mar. Um colapso das camadas de gelo, por conseguinte, não está incluído nas estimativas e pode adicionar dezenas de centímetros ao aumento previsto. Como a Groenlândia e os lençóis de gelo da Antártida derretem lentamente, os cientistas preveem que o degelo e aumento do nível do mar continuarão durante séculos. Se um aumento de temperatura de entre 1º e 4º C for duradouro, a vasta camada de gelo da Groenlândia vai derreter completamente e acrescentará 7 metros ao nível do mar, projetam os cientistas, mas isso acontecerá ao longo de um milênio.
A acidez do mar também está aumentando devido à grande quantidade de dióxido de carbono que os oceanos estão absorvendo, e isso irá continuar. A consequência é prejudicar a vida marinha que produz conchas, mas os cientistas ainda não sabem em que medida.
Gelo
O impacto do aquecimento é evidente pelo aumento das taxas de derretimento em praticamente todas as geleiras do mundo e nas enormes camadas de gelo da Groenlândia e da Antártida. As camadas estão derramando pelo menos cinco vezes mais água na década de 2000 do que na década de 1990, relatam os cientistas. A cobertura de neve do hemisfério norte caiu 11% por década desde 1967, e a temperatura do solo que congela sazonalmente, o permafrost , aumentou de 2º a 3º C na Rússia e no Alasca.
O gelo do Oceano Ártico está derretendo entre 9-14% por década desde 1979, enquanto o gelo ao redor da Antártida, ao contrário, está aumentando de 1-2%, provavelmente devido a mudanças nas correntes marítimas.
Os cientistas têm 90% de certeza que o gelo do mar Ártico, a cobertura de neve e as geleiras continuarão a encolher. Eles dizem que um oceano Ártico praticamente sem gelo nos meses de setembro tem probabilidade de pelo 66 % de ocorrer antes de 2050. Em 2100, entre 35 % e 85 % do volume das geleiras restantes no mundo terão desaparecido se as emissões não forem cortadas. A probabilidade do permafrost também encolher é maior do que 99%.
Extremos
É 90% certo que o número de dias e noites quentes aumentou globalmente e ondas de calor se tornaram mais frequentes e mais longas na Europa, Ásia e Austrália. As secas também se tornaram mais frequentes e intensas no oeste da África e no Mediterrâneo.
O número de chuvas intensas aumentou em mais regiões do que naquelas em diminuiu. É praticamente certo que a frequência e a intensidade dos mais fortes ciclones tropicais no Atlântico Norte aumentaram desde a década de 1970.
Os cientistas concluíram que é 99% certo que a frequência de dias quentes e noites quentes aumentará nas próximas décadas, enquanto a dos dias frios e noites frias deverá diminuir. É muito provável que a frequência e a intensidade das chuvas extremas aumentará em várias regiões populosas.
Pausa
A última década foi a mais quente já registrada, mas embora as concentrações de CO2 na atmosfera continuem a se acelerar, as temperaturas do ar próxima à superfície aumentaram apenas ligeiramente nos últimos 15 anos, levando alguns a sugerir que o aquecimento global parou. Os cientistas do IPCC rejeitam essa conclusão e afirmam que a tendência de aquecimento ao longo de um período de décadas é robusta, pois há uma variabilidade "substancial" entre cada década. Eles concluem: "Tendências extraídas de períodos curtos de registro ... em geral, não refletem as tendências de longo prazo do clima.
Eles acrescentam que o calor preso na atmosfera pelo aquecimento global em 2011 foi 43% maior do que a estimativa para 2005, em seu último relatório, e que mais de 90% de todo o calor adicionado está sendo acumulado nos oceanos.
Orçamento de carbono
Os cientistas calculam que já foi emitida quase a metade de todo o dióxido de carbono possível sem elevar as temperaturas acima de perigosos 2º C, Segundo o IPCC, isso significa que os governos devem agir rapidamente para ter uma chance razoável de evitar o limiar de 2º C. É também muito provável que mais de 20% do CO2 emitido irá permanecer na atmosfera por mais de 1.000 anos após as emissões artificiais terem cessado. De acordo com o IPCC, uma grande fração das mudanças climáticas é, portanto, "irreversível em uma escala de tempo parecida com a da vida humana", exceto se as emissões de CO2 produzidas pelo homem forem retiradas da atmosfera por um longo período.
Geoengenharia
Os cientistas relatam que a "geoengenharia" do clima é em teoria possível, reduzindo a quantidade de luz solar absorvida pela Terra ou pela retirada e armazenamento de dióxido de carbono e outras emissões da atmosfera. Mas, adverte o IPCC, não há conhecimento suficiente para avaliar a eficácia de tais métodos, como injetar químicos com capacidade de filtro solar na estratosfera, e adverte sobre os "efeitos colaterais e consequências de longo prazo em escala global".
Mudança abrupta
É "muito provável" que a chamada Corrente do Golfo, que leva água quente para a Europa ocidental, irá enfraquecer ao longo do século 21. Mas é "muito improvável" que ela entre em colapso ou passe por uma grande transição neste século. Se ocorrer mais aquecimento, isso produzirá emissões de metano significativas advindas do permafrost no próximo século, o equivalente a uma faixa de 50-250 bilhões de toneladas de CO2. Mas os cientistas do IPCC não acham provável que ocorram vazamentos catastróficos neste século.
Incertezas
Em termos de dados, a informação ainda é limitada em alguns locais, especialmente dados anteriores a 1950. Há também dados limitados sobre os oceanos abaixo de 700 metros de profundidade.
São incertezas teóricas como a poluição afeta a formação de nuvens ou qual é sensibilidade do clima global, ou seja, o quanto ele responde a CO2 extra na atmosfera. O novo relatório reduz ligeiramente a sensibilidade mínima do clima, mas no lançamento do evento , Thomas Stocker, co-presidente do painel, disse que se a nova estimativa for verdadeira ela adiará os impactos das mudanças climáticas por apenas alguns anos.
Há incerteza sobre a contribuição da atividade humana às mudanças nos ciclones e secas tropicais.
Outras explicações do aquecimento
Os cientistas afirmam: "É extremamente provável que a influência humana tenha sido a causa dominante do aquecimento observado desde meados do século 20”. O relatório exclui qualquer contribuição significativa de mudanças nos ciclos solares, vulcões ou raios cósmicos.

 *Esse artigo é publicado através da parceria de ((o))eco com a Guardian Environment Network (veja a versão original). Tradução de Eduardo Pegurier

Fonte: http://www.oeco.org.br/guardian-environment-network/27623-principais-conclusoes-do-novo-relatorio-sobre-mudancas-climaticas

Comunidade sugere observação de baleias francas na Ilha de Santa Catarina no Plano Diretor

Nesta temporada 123 animais, sendo 55 filhotes, foram avistados pelos técnicos do Projeto Baleia Franca, entre Moçambique e Torres


Eduardo Valente/ND
Francas estão há mais de duas semanas na região do Morro das Pedras, no Sul da Ilha
Depois de uma semana inteira de trabalho, o domingo de lazer teve motivos e significados especiais para a educadora Alda Lúcia da Silva, 40 anos. A professora saiu do Ribeirão da Ilha com parentes vindos de outras partes da cidade para observarem o grupo de baleias francas que descansam há semanas nas imediações da praia do Morro das Pedras, Sul da Ilha. Do alto do mirante da Casa de Retiros Fátima, construída em 1958, de onde ela diz ser o melhor pico de observação de baleias na Ilha, Alda contempla a vista com olhos no futuro. “É lindo esse contato direto com a natureza, como educadora levo isso para meus alunos, e que daqui a 40 anos eles também possam avistar baleias daqui”, disse, enquanto revezava o binóculo com os parentes. Apesar do Sul da Ilha estar dentro da APA da Baleia Franca, em Florianópolis não existem ações para impulsionar o conhecimento da espécie migratória e o turismo através da observação guiada.
Nascido em família de pescadores, Carlos Roberto Alberto conta histórias do tempo em que o avô participava da caça da baleia nas águas do Sul da Ilha, num tempo em que se aproveitava tudo do animal, desde a carne, a língua, a barbatana, até óleo e os ossos. Hoje, dono de um tradicional restaurante à beira da praia do Pântano do Sul, Carlos diz que o estímulo ao turismo de observação será capaz de resgatar a ligação histórica da caça nas primeiras vilas de pescadores com a conscientização ambiental.
Para criar instrumentos que possam cultivar tanto a consciência de preservação quanto alimentar o turismo, na noite desta segunda (30/09), durante audiência pública distrital na sede da Associação dos Açores, um dos pedidos da Associação de Moradores do Pântano do Sul será a inclusão do turismo de observação das francas no Plano Diretor Participativo.
Outra opção para incluir a atividade numa espécie de calendário organizado, com regras e informações turísticas durante a temporada da baleia, entre julho e novembro, é através do Projeto Orla, que envolve órgãos ambientais federais e municipais num trabalho de políticas costeiras e de preservação ambiental e patrimonial.
Trilhas das baleias
O turismo de observação embarcado foi suspenso por decisão da Vara Ambiental da Justiça Federal e está proibido desde o dia 17 de maio deste ano. O argumento é de que as embarcações seriam prejudiciais aos animais. A medida tem impedido inclusive o O Centro Nacional de Conservação da Baleia Franca, localizado em Imbituba, de fazer incursões no mar apara monitorar os animais. E enquanto a observação embarcada é debatida na Justiça, quem busca o contato visual com as francas precisa descobrir os pontos privilegiados para acompanhar a visita ilustre das gigantes.
Desde o caminho que leva ao Forte Marechal Moura de Naufragados, onde trilheiros têm avistado as francas, até a praia do Moçambique, a paisagem litorânea de Florianópolis descortina diversos picos para observação do animal. “No ponto do vigia, onde os pescadores ficam de prontidão durante a pesca da tainha, seria um bom ponto de observação de baleis, dali é possível avistar elas descansarem por dias, nas águas da praia dos Açores”, sugere Carlos Alberto, indicando a criação de um possível ponto de observação em terra firme.
Daniel Queiroz/ND
No Caldeirão, Marco Antônio surfa ao lado das francas
Pelas trilhas da Lagoinha, do Gravatá, do Saquinho, no pico do riozinho ou no Caldeirão, onde Marco Antônio Menti, 39, costuma surfar, por exemplo, não são raros os relatos de quem viu as francas. “Quando você surfa a poucos metros de uma baleia é o que há de melhor, uma sensação muito boa”, disse Marco Antônio, que aproveitou o domingo (29) para cair nas águas do Caldeirão, na praia da Armação, onde uma fêmea e um filhote descansam há semanas.
Só nesta temporada 123 animais, sendo 55 filhotes, foram avistados no sobrevoo de técnicos do Projeto Baleia Franca nos 280 quilômetros da costa entre as praias de Moçambique, em Florianópolis e Torres, no Litoral do Rio Grande do Sul.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Cruzeiro na Antártida terá mergulho com snorkel pela primeira vez

  • Getty Images/iStockphoto
    A temperatura da água na Antártida pode chegar a -2ºC
    A temperatura da água na Antártida pode chegar a -2ºC
Uma operadora de viagens australiana está oferecendo, pela primeira vez, um cruzeiro que inclui mergulho com snorkel pelas águas geladas da Antártida. Os primeiros navios que farão o passeio saem em fevereiro de 2014.
Os viajantes que se aventurarem na prática do snorkel poderão nadar ao lado de pinguins, focas e baleias, diz um comunicado da Aurora Expeditions. Os mergulhos serão feitos em baías protegidas, em torno de ilhas e áreas isoladas.
Guias especializados na prática do snorkel em águas frias de uma outra companhia, a Waterproof Expeditions, serão responsáveis por ajudar os passageiros, que receberão treinamento e equipamento para enfrentar o mar e as condições climáticas locais -- a temperatura da água na Antártida pode chegar a -2ºC.
Estes cruzeiros da operadora pela Antártida duram dez dias e custam a partir de US$ 7.200, com a opção do mergulho com snorkel somando US$ 975 ao valor. As viagens começam em portos da América do Sul (como o de Ushuaia, na Argentina), e os passageiros navegam para a Antártica a bordo de um navio de 54 lugares.

Projeto reúne imagens e relatos sobre preservação de aves marinhas




O Projeto Albatroz, que luta pela preservação das aves marinhas do litoral brasileiro, está lançando um livro e um vídeo que contam a história dessa iniciativa ambiental que no final de 2013 completará 23 anos. O material reúne imagens e relatos de pesquisadores, pescadores e parceiros do Albatroz, que tem patrocínio da Petrobras e integra desde 2012 a Rede Biomar, da qual também fazem parte os projetos Tamar, Baleia Jubarte, Coral Vivo e Golfinho Rotador.
Tanto o livro, de 132 páginas, quanto o vídeo, com 38 minutos de duração, abordam as principais características do comportamento dos albatrozes e petréis. O material também apresenta os principais marcos da trajetória do projeto, como a criação do Instituto Albatroz, a entrada do Brasil no Acordo Internacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis, a parceria com a Petrobras, que data de 2006, e o desenvolvimento de tecnologias para diminuir a captura das aves pelos barcos de pesca.
Segundo a coordenadora do projeto, Tatiana Neves, as iscas jogadas pelos pescadores em alto-mar são a principal ameaça de extinção das duas espécies no país. “Estimativas mostravam que 10 mil aves eram mortas todo ano no Brasil. Elas acabavam engolindo as iscas com anzol, e, desse modo, acidentalmente eram fisgadas e arrastadas para o fundo do mar. Os pescadores não tinham como salvar as aves e também acabavam tendo prejuízo na pesca”, diz Tatiana, também responsável pela publicação do material.
Para ajudar a reverter o quadro, o projeto encontrou na parceria com os pescadores a principal solução para desenvolver medidas eficazes de preservação das aves. Uma delas é o toriline, equipamento que consiste em dois postes fixados na popa da embarcação, dos quais partem, presas em linhas de náilon, fitas coloridas que ajudam a afugentar as aves para longe dos anzóis.
Os pesquisadores do Projeto Albatroz desenvolvem suas atividades nas cidades de Santos e Guarujá (SP), Itajaí e Navegantes (SC), Itaipava (ES) e Rio Grande (RS). Segundo a Petrobras, nos últimos anos o projeto atendeu a 254 pescadores, além de cinco mil crianças e 235 professores de escolas públicas e privadas, com atividades de educação ambiental.
O livro está disponível em livrarias de São Paulo, Santos e do Rio de Janeiro e o vídeo pode ser acessado no Youtube.
Paulo Virgilio - Agência Brasil

Fonte: http://ciclovivo.com.br/noticia/projeto-reune-imagens-e-relatos-sobre-preservacao-de-aves-marinhas

Calor perturba polinização


por Patricia Grogg*
CubaSergioRodriguezAgronomo TERRAMÉRICA   Calor perturba polinização
O agrônomo Sergio Rodríguez mostra exemplares de banana de pequeno porte, que resistem melhor aos ventos causados por furacões. Foto: Jorge Luis Baños/IPS
Cientistas detectam novas consequências da mudança climática na estressada agricultura cubana, que não consegue decolar.
Havana, Cuba, 23 de setembro de 2013 (Terramérica).- O aumento da temperatura média altera a fisiologia de algumas plantas, uma mudança menos perceptível do que um furacão, mas igualmente prejudicial para a produção de alimentos. Em espécies tropicais da família Cucurbitaceae, “como abóbora e pepino”, a polinização é interrompida se há mais calor do que o de costume no momento da floração, explicou ao Terramérica o engenheiro agrônomo cubano Sergio Rodríguez.
Quando a flor feminina da abóbora está apta para ser fecundada, apresenta uma substância açucarada e úmida à qual adere o pólen da flor masculina, levado pela abelha. O calor mais forte seca essa substância, impedindo que o grão de pólen grude e, portanto, que o fruto se desenvolva. “Quando a fecundação não é efetiva e diminuem os rendimentos, em muitas ocasiões não nos damos conta das razões. Acontece que as temperaturas mais altas ou uma seca são consequências mais sutis da mudança climática”, pontuou Rodríguez, diretor do Instituto de Pesquisas de Alimentos Tropicais (Inivit).
Nos últimos anos, os verões se prolongam e os invernos são mais curtos e pouco intensos nesta ilha tropical, segundo os cientistas. As temperaturas tendem a aumentar, o que obriga a traçar estratégias de adaptação para a agricultura. A temperatura pode subir entre 1,6 e 2,5 graus até o final deste século em Cuba, indicam vários estudos. E a redução nos rendimentos agrícolas seria um de seus efeitos graves.
Para Rafael González, camponês do município de Manicaragua, em Villa Clara, “ter de tudo um pouco” é o ideal para suportar mais graus nos termômetros, precipitações variáveis e ciclones tropicais mais intensos. “Se houver seca, temos alimentos (tubérculos e frutos ricos em carboidratos) e frutas que se adaptam melhor a essas condições e outras que resistem mais aos temporais. Nada melhor do que a variedade”, disse ao Terramérica Ignacio Pérez Rivas, agricultor da Cooperativa de Créditos e Serviços, onde trabalham 130 pessoas, sendo 30 mulheres.
Se plantar mandioca – tubérculo muito presente na mesa de muitos caribenhos –, em um inverno frio, ela também será afetada, disse González. “É preciso continuar buscando variedades com melhor adaptação”, ressaltou. A instituição dirigida por Rodríguez, na central província de Villa Clara, tem a estratégica tarefa de realizar essa busca, considerando calores intensos, secas severas, furacões e novas pragas.
O Inivit possui um banco de germoplasma (em forma de sementes, mudas ou tubérculos) com 650 variedades de batata-doce (Ipomoea batatas Lam), 512 de mandioca (Manihot esculenta Crantz), 327 de banana (Musa paradisiacaMusa sapientum), 120 de inhame (Dioscorea spp) e 152 de taro (Colocasia) e taioba (Xanthosoma). Esses recursos genéticos são “uma fortaleza do país” para enfrentar adversidades, destacou Rodríguez.
A mandioca e o plátano burro (um cultivar de banana) suportam a seca, enquanto o taro, a batata-doce, a abóbora e o inhame, mesmo que passe um furacão, produzem alimentos porque são de pequeno porte e resistem melhor aos ventos extremos, explicou o especialista. Mas é “preciso seguir buscando novos clones que tenham maior espectro de adaptação, variedades que produzam em condições ótimas do clima e também em condições desfavoráveis. Neste último caso, pode ser que o rendimento seja menor, mas amortizam o impacto adverso”, afirmou.
Para isso deve-se conjugar o estudo das variedades em correspondência com as condições climáticas, bem como suas capacidades de adaptação a determinado clima, aos diferentes tipos de solo, regimes de chuva e temperaturas mínimas e máximas, detalhou. A semente é crucial. “Se você tem uma semente de qualidade, o impacto da mudança climática é menos significativo. Sempre dizemos aos produtores que em uma boa semente não se gasta. É um investimento que depois se recupera”, enfatizou Rodríguez.
Mais de 70% dos tubérculos, raízes e bananas cultivados em Cuba são obtidos ou recomendados pelo Inivit. “Os outros 30% provêm da tradição camponesa. Há variedades locais que se adaptam muito bem a determinados solos e climas”, disse Rodríguez.
Em 2012, tudo parecia ir bem com a plantação de feijão de Rubén Torres, cujas terras ficam perto de Santa Clara, capital de Villa Clara. Contudo, pelo calor excessivo, a colheita rendeu menos que o esperado. Por outro lado, “o arroz precisa de altas temperaturas no momento de sua floração”, disse Torres ao Terramérica. Assim, ele está colhendo este grão indispensável na cozinha cubana, e a produtividade, de oito toneladas por hectare, lhe parece boa.
Rodrigo Morales vive em Mayabeque, província vizinha a Havana. Ele e outros camponeses com terras vizinhas notaram que os verões longos e quentes influenciam em seus cultivos de alho, cebola e feijão, e em frutas como a goiaba. Sob pressão destes fenômenos climáticos, a agricultura cubana está obrigada a aumentar sua produtividade para reduzir custosas importações de alimentos, que este ano chegam a US$ 2 bilhões, segundo estimou este mês o vice-presidente do Conselho de Ministros, Marino Murillo.
O governante considerou “preocupante” a agricultura representar apenas 3% do produto interno bruto, com um quadro de cerca de 960 mil trabalhadores, dos quais 300 mil não estão vinculados diretamente à produção. Sem considerar a cana-de-açúcar, a produção agrícola caiu 7,8% nos três primeiros meses deste ano em relação ao primeiro trimestre de 2012, segundo os últimos dados do Escritório Nacional de Estatísticas e Informação. Envolverde/Terramérica.
* A autora é correspondente da IPS.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Oceano Ártico terá verão sem gelo em 2050, diz relatório da ONU


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RAFAEL GARCIA
ENVIADO ESPECIAL A ESTOCOLMO
Quando o biólogo sueco Tom Arnbom desembarcou neste verão na costa do mar de Laptev, na Rússia, para coletar DNA de morsas, notou que os enormes mamíferos tinham um medo incomum de ursos-polares, animal que normalmente não os ataca.
Após alguns dias no local, o cientista percebeu que, sem terem gelo marinho como base de caça, os ursos não alcançavam focas e outras presas prediletas. A alternativa era tentar abocanhar filhotes de morsa, com alto risco de serem pegos pelos adultos.
Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress
Esse é um dos impactos que o declínio do gelo marinho no Ártico provocou nos últimos anos. O aumento do ritmo de degelo na região é um dos principais pontos a serem revistos no próximo relatório do IPCC (painel do clima da ONU, formado por milhares de cientistas).
Amanhã, a primeira parte do texto, dedicada à física do clima, será divulgada.
"É muito provável que a cobertura de gelo marinho no Ártico continue a encolher e afinar", afirma o texto preliminar do documento. "Sob o cenário RCP8.5 [hipótese mais pessimista do relatório], um oceano Ártico quase sem gelo provavelmente será visto antes do meio do século."
O painel informa que é possível dizer com "alta confiabilidade" que o Ártico vai se aquecer mais rápido que outras regiões e revê para pior o seu prognóstico. Há menos de uma década, porém, o maior relatório sobre o tema, o "Arctic Climate Impact Assessment", estimava que o temido "setembro sem gelo" só viria no fim do século.
O gelo marinho ajuda a refletir radiação solar. Com o degelo e mais área de águas escuras para absorver calor, a escassez de superfície branca vai retroalimentar a mudança climática, diz o IPCC.
A MARCHA DAS MORSAS
Arnbom, hoje um pesquisador a serviço da ONG ambientalista WWF, trabalhou por muitos anos na região para o governo da Suécia, país que tem 15% de seu território no círculo ártico.
"O que eu vi no Ártico 40 anos atrás não existe mais. É impressionante ver quão rápido se foi. Estava lá todos os anos. Alguns eram mais frios que outros, e a população de animais variava, mas em 2007 me dei conta de que os impactos eram bem visíveis."
Naquele ano, todo o gelo em alto mar derreteu na região de Laptev, e morsas que costumavam se espalhar em pedaços de gelo marinho migraram para uma única praia, formando uma concentração de mais de 50 mil indivíduos.
O local, afastado das áreas de alimentação ricas em moluscos, era pequeno demais para abrigar tantos animais, e muitos morriam esmagados. O fenômeno se repetiu depois, em 2011, com uma concentração estimada em 100 mil morsas.
RÚSSIA x AMBIENTE
Ursos e morsas, porém, não são os únicos animais da região a terem mudado de comportamento. Segundo a WWF, a região é habitada por 40 comunidades tradicionais, que enfrentam escassez na caça e pesca artesanal.
E outro grupo de humanos, vendo novas rotas de navegação se abrirem, enxerga agora o potencial econômico da região como rota de transporte marítimo, pesca industrial e fonte de petróleo --o benefício vem justamente para a indústria cujo produto é apontado como causa da mudança climática.
A gigante russa Gazprom, que estabeleceu a primeira plataforma de petróleo "offshore" da região, teve suas instalações no mar de Pechora invadidas por ativistas do Greenpeace na semana passada. Trinta ambientalistas, incluindo uma brasileira, estão presos.
A ONG WWF também intensificou sua atividade na região. O DNA de morsas coletado por Arnbom será usado para pesquisas em universidades dinamarquesas, mas ainda está parado na alfândega russa.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Festival de caviar mexicano atrai convidados gigantes


Fabio Olmos - 24/09/13

2013-07-26-Afuera-Isla-Mujeres-053Fotos:O tubarão-baleia é a maior espécie do grupo, mas se alimenta de plânton e pequenos peixes. Foto: Fabio Olmos | Clique para ampliar
Tubarões-baleia (Rhinchodon typus) são os maiores "peixes''. Na verdade, tubarões e raias são parentes mais distantes de peixes ósseos como bagres, piranhas e bacalhaus do que uma galinha de um crocodilo. Eles têm um comprimento máximo confirmado de 12,85 m e pesam até 21,5 toneladas, embora haja histórias de bichos chegando a 23 metros e peso superior a 30 toneladas. Tubarões crescem durante toda a vida e como os R. typusvivem pelo menos 70 anos. Um gigante verdadeiro também é um venerável ancião.
Estes espetaculares gigantes de pele pintada (seu nome em várias línguas comparam as pintas a estrelas) ocorrem em águas tropicais e subtropicais de todo o mundo. Alimentam-se de plâncton, de minúsculos crustáceos a ovos e larvas de peixes e corais, ou pequenos peixes. O alimento dos tubarões-baleia tende a ocorrer em manchas localizadas no espaço e tempo que os tubas rastreiam ao longo de migrações de milhares de quilômetros.

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Na maioria dos anos (2007 foi uma exceção), em meados do mês de julho, bonitos-pintados Euthynnus alletteratus, uma espécie abundante no Atlântico tropical, desovam nas águas quentes ao norte da Isla Mujeres, próximo à famosa Cancun, tão procurada por turistas brasileiros. Bonitos são prolíficos, cada fêmea liberando 1,75 milhão de ovos ao longo da temporada reprodutiva, cada um com uma gota de óleo altamente calórico que faz os ovos fertilizados boiarem na superfície. Este nutritivo caviar atrai um grupo muito especial de predadores.
Tubarões-baleia vindos de diferentes partes do Atlântico se reúnem noAfuera de Isla Mujeres para este banquete especial. E não são poucos. Em um único dia pode haver 420 tubarões em uma área de 18 km2, e essa agregação, a maior em do mundo, continua durante poucas semanas entre o fim de julho e agosto, proporcionando um dos grandes espetáculos da vida marinha no Atlântico.
O interessante é que parece ser um fenômeno recente e só foi reportado pelos pescadores locais em 2002, o que contrasta com outras agregações conhecidas desde muito tempo como a da ilha Holbox (também no México, que criou uma Reserva de la Biosfera Tiburón Ballena por causa disso), Gladden Spit, em Belize, e Ningaloo, na Austrália.
A agregação do Afuera é monitorada pelo Proyecto Domino, o equivalente mexicano de nosso ICMBio, emcolaboração com pesquisadores de várias instituições e países. Claro, o espetáculo da agregação da nata da megafauna marinha atrai turistas.
Durante a temporada dos tubarões empresas baseadas em Cancun e Isla Mujeres enviam cerca de 70 barcos por dia, cada um com 8 a 12 pessoas, para o Afuera. Isso significa somas nada desprezíveis entrando para a economia local graças aos tubarões e ao desejo das pessoas de estarem próximas de uma criatura que pode ser descrita como nada menos que estupenda.
Eu sempre quis ver tubarões-baleia, uma espécie incomum no Brasil, onde parecem mais freqüentes no entorno do Arquipélago de São Pedro e São Paulo (quando vão criar uma reserva marinha lá ?), embora já tenham sido observados bem mais perto da costa, como no Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, em São Paulo (uma fêmea grávida enorme).
Cogitei visitar diferentes lugares, mas quando descobri sobre o Afuera eu soube que esse era o lugar a ir e depois de pesquisar decidi comprar nossas vagas em um tour com uma empresa especializada, a Big Fish Expeditions que me daria o tempo e a qualidade da experiência que eu desejava com os tubarões.
Existem muitas empresas que levam turistas para ver tubarões-baleia no Afuera, mas digamos que entre ficar na água quatro ou cinco horas por dia ao longo de quatro dias e um bate-volta que ocupa uma manhã há uma boa diferença e eu não engulo o tipo de turismo fast-food que dominou o mundo. Há coisas que devem ser degustadas.
Não só aprovei como tive um enorme bônus. Todos os dias embarcávamos na rápida Preziza, comandada pelo safo Gabriel da operadora local Solo Buceo e chegávamos na agregação do Afuera ao redor as 8h, retornando para Isla Mujeres entre 12h30 e 14h00. Chegar no Afuera antes das massas permite apreciar o espetáculo de dezenas de tubarões-baleia medindo entre 5 e 8 metros (longe do tamanho máximo) passeando para lá e para cá na superfície, parte da boca acima da linha da água, enquanto filtram os boiantes ovos de bonito.
Segundo me contaram, este ano, pela primeira vez, havia quase tantas mantas-oceânicas Manta birostris e mantas-caribenhas (uma espécie ainda não descrita) quanto tubarões-baleia no Afuera. Também filtradoras de plâncton, as mantas são as maiores raias, chegando a envergaduras superiores de até 7 metros. As que vimos noAfuera tinham entre 3 e 4 metros, e parecia haver muitos bichos jovens.
2013-07-26-Afuera-Isla-Mujeres2-098Tubarões-baleia nadam na superfície, filtrando os ovos de bonitos-pintados que flutuam. Foto: Fabio Olmos | Clique para ampliar
Ao que se saiba, aqui no Brasil as mantas ocorrem regularmente apenas no litoral entre o norte do Paraná e o Rio de Janeiro, com destaque para o paulista Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, onde são a grande atração para os mergulhadores e há um programa de estudo das mantas oceânicas e as ilhas próximas de Queimada Grande (quando vão criar uma área protegida marinha lá ?) e Alcatrazes (quando o governo federal irá se coçar ecriar o parque nacional marinho tão esperado?).
Encontrar estes gigantes participando da festa do Afuera foi um presente muito especial por que eu nunca havia estado na água com estes bichos espetaculares.
Era interessante notar como as mantas (enormes mas menores que os tubarões) permaneciam a poucos metros de profundidade quando havia muitos tubarões filtrando a superfície, mas subiam e começavam a nadar com o dorso exposto quando, já de barriga cheia, o número de tubarões diminuía com o passar do tempo. Isso acontecia no meio do dia e, então, algumas mantas, por razões que só elas sabem, saltavam fora da água como que querendo voar, algo bem impressionante de se ver.
Ao chegar no Afuera nosso grupo procurava um ponto com um bom número de tubarões e mantas na periferia da concentração de embarcações de turismo, para evitar a muvuca humana. Devidamente equipados com equipamento para snorkellingwetsuit (obrigatório, as regras mandam que você deve ter flutuabilidade positiva) e diversos tipos de câmeras, caíamos na água. Os tubarões são numerosos e tendem a nadar circulando a mesma área, então é uma questão de esperar e em minutos um ou mais tubarões nadarão diretamente na sua direção e você verá a enorme e bela forma do Rhinchodon como um submarino ou nave espacial (mais de um autor de sci-fi se inspirou neles) chegando cada vez mais perto.
A maioria dos tubas-baleia desvia quando nota um primata estranhamente vestido no seu caminho e passa ao lado fazendo marola, mas alguns fazem valer a norma usada pelos caminhoneiros brasileiros (provavelmente a profissão que mais mata, se excluirmos as ocupações relacionadas a atividades criminosas) e fazem seu tamanho valer. Fui atropelado umas quatro vezes, o que na verdade foi divertido e permitiu sentir a textura da pele do tubarão, surpreendentemente macia, ao contrário da que cobre as mantas, uma pele bem áspera (uma deixou que eu tocasse sua barriga).
Os tubarões-baleia te olham nos olhos quando passam por você, especialmente nas quase-colisões. Eles parecem dizer "viu como sou educado e não bati em você?". Quando eles já pararam de filtrar alimento e mergulham abaixo de você para não trombar, parecem definitivamente contrariados. Os tubarões no Afuera não mostram uma curiosidade evidente pelas pessoas nem buscam interagir (embora alguns brinquem com mergulhadores em outros lugares). Parecem mais preocupados em filtrar a superfície da água para engolir a maior quantidade possível de ovos de peixe e em evitar colisões com outros bichos.
Eles não são como os tubarões-brancos, que passam ao lado te estudando, alguns timidamente, outros com mais interesse. Diferente das mantas, que parecem curiosas com os mergulhadores e às vezes gostam de sentir as bolhas que você solta batendo na barriga, ou as garoupas e meros, obviamente inteligentes e curiosos.
Enquanto os tubarões raramente interagiam entre si, exceto quando uma dupla nadava em paralelo de forma coordenada ou em caso de colisão iminente (dois foram vistos trombando, para evidente embaraço mútuo), as mantas "voavam" pela água em formações regulares, às vezes 8 ou 9 em fila, e era evidente que grupos de indivíduos permaneciam juntos, pois era possível identifica-los pelas cores e marcas. E definitivamente estavam curiosas com as pessoas na água, aproximando-se para investigar com cara de "que bicho é esse?", às vezes permitindo serem tocadas. As mantas também eram mais acrobáticas e comumente nadavam completando círculos no sentido vertical, piruetas que permitem filtrar o alimento concentrado em áreas menores, um espetáculo à parte.
Essa reunião de gigantes que cuidavam de sua vida e tentavam evitar bater nos humanos e seus barcos tinha alguns convidados minoritários. As Mobulas (Mobula hypostoma), uma versão bem menor das mantas, apareceram em pequeno número, mas eram tímidas. Também observei e fotografei dois marlins-brancos Tetrapturus albiduse um golfinho nariz-de-gafarra, que fez uma breve aparição, além das muitas rêmoras e peixes-piloto que acompanhavam os gigantes.
A guerra que travamos com os tubarões na nossa tentativa de levá-los à extinção é bem conhecida. Tubarões-baleia há muito são objeto de pesca dirigida tanto pela sua carne como pelas barbatanas, matéria-prima de uma sopa caríssima mas sem gosto que é consumida como objeto de status por gente que precisa compensar sua própria pequenez. Embora hoje sejam protegidos em Taiwan, lá são chamados de tubarão-tofu devido ao gosto e textura da carne.
Mantas e mobulas também estão sendo aniquiladas para suprir o gigantesco mercado da "medicina" chinesa. Milhões de bárbaros acreditam que os rastros branquiais que estas raias usam para filtrar o plâncton da água, após serem moídos e engolidos, "filtram as impurezas do sangue". Essa bobagem supersticiosa, sem base científica, está levando espécies à extinção, da mesma forma que acontece com os rinocerontes e tantos outros animais e plantas usados nesta picaretagem que chamam de medicina. Tubarões-baleia e mantas são considerados globalmente ameaçados de extinção devido a estes impactos.
Por isso, poder apreciar a concentração desses megabichos no Afuera, foi uma experiência cheia daqueles momentos PQP que fazem a vida valer a pena. Com frequência não havia ninguém por perto e tinha uma dúzia de tubarões e mantas só para mim. A situação me fez pensar como deveriam ser os mares cheios de "monstros" antes dos humanos aprenderem a pescar.
2013-07-27-Afuera-last-morning-029Uma raia manta filtra os ovos de bonito que flutuam na superfície. Foto: Fabio Olmos | Clique para ampliar
O último dia da excursão foi um sábado com a pressão atmosférica caindo, muitas embarcações e poucos tubarões. Neste dia pude ver o lado ruim do turismo e a razão pela qual uma proporção importante dos tubarões, talvez 20%, mostra cicatrizes e nadadeiras rasgadas por colisões com hélices.
Como havia poucos tubarões (e menos ovos na água, já bem mais clara) e nenhuma fiscalização, havia capitães que conduziam suas lanchas irresponsavelmente entre outras embarcações, pessoas na água e tubarões para que seus clientes, pregos de limitada habilidade aquática vestindo coletes salva-vidas, pulassem na água ao lado de um pobre bicho. Eles proporcionavam o espetáculo de um tubarão sendo perseguido por 12 primatas que gritavam e espirravam água para todos os lados. A embarcação dos guardas-parque que deveriam colocar ordem na coisa só esteve presente em um dos quatro dias de meu tour.
Essa forma de operar resulta em acidentes, como mostram as cicatrizes nos tubarões e a pancada que um de meus colegas levou de um barco "pilotado" por um sujeito especialmente displicente. O comportamento dos farofeiros aquáticos tem o resultado esperado. Os tubarões simplesmente submergem e vão cuidar de sua vida em outro lugar. Fim da brincadeira para todos. Quem tinha apenas esse dia para ver um dos maiores espetáculos naturais do Atlântico se deu mal.
O anticlímax do último dia só confirmou a necessidade de controlar visitantes em áreas onde há interação com a vida silvestre. Há operadores irresponsáveis e há pessoas, mesmo informadas, que irão fazer coisas pouco inteligentes que resultam em danos a elas e aos animais. Do tipo gente que não sabe nadar, decide brincar nas ondas de uma praia cheia de placas alertando para o risco de ataque de tubarões e fica esperneando como um peixe ferido quando descobre que o lugar é fundo demais.
Uma das coisas interessantes que a tecnologia atual permite é participar de projetos de ciência cidadã. A maioria das pessoas e cientistas em especial têm curiosidade de saber de onde vêm e para onde vão os tubarões-baleia que encontram. Como o padrão de manchas da área logo atrás das nadadeiras peitorais é único em cada indivíduo, pesquisadores começaram a construir um banco de dados de fotos de tubas-baleia, hoje com mais de 3 mil indivíduos registrados.
Alguns inspirados foram além e criaram um software que compara os padrões no banco de dados e um websitepara onde fotos podem ser enviadas para comparações. O colaborador recebe retorno se seu tubarão ou tubarões já foram vistos e em qual local. Nas próximas semanas processarei minhas fotos para saber se os tubarões que fotografei têm história conhecida.
Mergulhar com tubarões, dos inofensivos como os baleia (estrela de excursões de mergulho pertinho de Isla Mujeres – onde os querem muito vivos e abundantes) aos mordedores como os cabeça-chata (responsáveis pela maioria dos ataques em Pernambuco – onde querem exterminá-los) é uma daquelas coisas espetaculares que podem mudar sua vida se sua mente e olhos estiverem abertos para o que você está vendo.
Eles te mostram que a natureza, ao contrário do que alguns querem te fazem crer, não é um shopping center ou parque de diversões onde tudo é seguro, asséptico, controlado e feito para quem tem um tempo de atenção de 15 segundos. A beleza da realidade tem várias camadas que levam tempo para ser percebidas e apreciadas.
E os tubarões e raias, uma estirpe muito mais antiga que a nossa, mostram inteligência, humores e personalidade que te fazem pensar nas outras tribos que compartilham o mundo com você.
2013-07-26-Afuera-Isla-Mujeres-196Foto: Fabio Olmos | Clique para ampliar

Estudo revela declínio de sete espécies de peixe no sul da Bahia


DA BBC BRASIL

Um estudo realizado no sul da Bahia por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina revelou que sete espécies de peixe anteriormente comuns na região e usados na culinária local estão desaparecendo.
O levantamento, feito pelos biólogos Sergio Floeter, Natalia Hanazaki e Mariana Bender, foi feito com base em entrevistas com pescadores que trabalham na região vizinha ao Parque Municipal Marinho do Recife de Fora, em Porto Seguro.
Um total de 53 pescadores de diferentes idades foram convidados pelos pesquisadores a identificar, por meio de fotos, espécies de peixe que tradicionalmente vivem na costa da região. Eles responderam perguntas sobre qual é o maior peixe de cada espécie que já haviam capturado e o ano em que isso ocorreu.
A conclusão foi que algumas espécies estão cada vez menos presentes nas redes dos pescadores, ou, quando estão, os peixes são menores do que em décadas passadas.
São elas o badejo-quadrado (Mycteroperca bonaci), a garoupa (Epinephelus morio), o dentão (Lutjanus jocu), a cioba (Lutjanus analis), a guaiúba (Ocyuru chrysurus), o cherne (Hyporthodus nigritus) e o mero-gato (Epinephelus adscensionis).

PESCA NÃO-SUSTENTÁVEL
Durante a pesquisa, ficou claro que pescadores mais velhos, com mais de 50 anos, pescavam peixes maiores do que os mais jovens.
O badejo-quadrado, por exemplo, era encontrado há 40 anos pesando quase 50 quilos na região. Hoje, o mais comum é encontrá-lo com 17 quilos.
Mais preocupante foi a constatação de que alguns peixes sequer são reconhecidos pelos pescadores mais jovens.
"Alguns pescadores com menos de 31 anos não reconheceram espécies de peixe como o mero-gato e o cherne quando apresentados às fotos na entrevista", disse Mariana Bender.
Os mesmos pescadores jovens disseram não saber que peixes hoje raros foram um dia abundantes no sul da Bahia.
A pesquisa constatou que os pescadores acreditam que sua atividade está tendo um impacto sobre os estoques pesqueiros da região: para 36% deles, seu trabalho colaborou para reduzir a quantidade de peixes ao longo dos anos.
Mas, para os cientistas, não é apenas a pesca não-sustentável, feita em uma escala que não permite que os estoques de peixe se reponham naturalmente, que está por trás do sumiço dessas espécies.
"Outro fator preocupante é a perda de habitats bem conservados para a manutenção dessas espécies de peixe, como a perda de manguezais, que servem como berçários naturais, e o assoreamento das regiões costeiras que abrigam os recifes", explicou Bender.

CONSUMO CONSCIENTE
A pesquisa, divulgada neste ano na publicação científica "Fisheries Management and Ecology", sinaliza a necessidade de avaliar a inclusão de outros peixes de ambientes recifais nas avaliações de espécies ameaçadas de extinção.
Alguns peixes que habitam as águas do sul da Bahia já preocupavam bastante os cientistas mesmo antes deste estudo ser feito.
Um deles é o mero (Epinephelus itajara), que hoje é considerado "em perigo crítico" em uma lista da IUCN (União Internacional para a Preservação da Natureza, na sigla em inglês) que avalia o risco de extinção das espécies.
Mariana Bender diz que os pescadores reconheceram o mero nas fotos, mas muitos "jamais pescaram" esse peixe, pese que exista "um histórico de exploração desse peixe na costa brasileira, fazendo com que ele se tornasse um peixe 'raro'".
O cherne, cujo declínio foi constatado no novo estudo, também aparece na lista do IUCN como criticamente ameaçado, mas duas das espécies analisadas na Bahia, o dentão e a guaiúba, sequer foram avaliadas pelo IUCN, e a situação de outra, o mero-gato, é descrita como "pouco preocupante".
Outra necessidade levantada pelos autores do estudo é a de redobrar os esforços no sentido de promover um consumo consciente do estoque pesqueiro.
"Os badejos e garoupas, particularmente, são muito apreciados na culinária pela sua carne. Dessa forma, é necessário promover o consumo consciente para que os estoques dessas espécies possam se recuperar", disse Bender.
O estudo fez parte da rede de pesquisas Coral Vivo, patrocinada pela Petrobras e pelo Arraial d'Ajuda Eco Parque.

O sabiá nosso de cada dia… ou noite!


Nas duas últimas semanas, aproximadamente, uma simpática ave virou notícia nas mídias impressas e principalmente internéticas do Brasil, com especial referência a São Paulo: o sabiá-laranjeira. Para nossa (= de quem curte aves) tristeza, o simpático sabiá não era aclamado por seu melodioso canto – pelo contrário: o bichinho tá literalmente tirando o sono de muita gente! Entre brincadeiras e ameaças de morte, muitas pessoas se manifestaram incomodadas com o canto de madrugada do sabiá. Aqui em São Paulo ele começa a cantar em alguns lugares por volta das 3h da manhã, acordando alguns de seus vizinhos cedo demais. Eu, que também odeio acordar cedo, entendo o ponto de vista desses reclamões. Mas considero uma injustiça, e é por isso que estou escrevendo este texto.
Fato é que no Brasil costumamos reclamar sem nem saber direito os porquês. Afinal, o que está acontecendo? De quem é a culpa pelo sono interrompido? O Sakamoto, em seu muito bom blog, relatou os fatos. O pai do João, o Sr. Helio, apresentou soluções criativas, ainda que a primeira delas não seja tão saudável! E a Folha de São Paulo buscou levar mais informação aos seus leitores, embora infelizmente confiando em algumas informações sem respaldo científico.
Assim como muitas outras aves, o sabiá-laranjeira inicia sua temporada reprodutiva após o inverno e é através do canto que o macho atrai suas parceiras e demarca seu território, como informado à Folha pelo amigo Márcio Repenning. E é por isso que nesta época começam as cantorias pré-matinais. A informação do Sr. Dalgas Frisch [de quem respeitosamente tenho todas as objeções possíveis] de que os machos estão cantando para ensinar os filhotes não tem qualquer embasamento. Aliás, no início da estação reprodutiva, quando se espera a maior atividade vocal das aves, os filhotes ainda nem nasceram. E só nascerão se os casais parearem, e é justamente pra parear que os machos agora cantam! Há portanto uma óbvia inconsistência causo-temporal naquele argumento. Todavia, a função do canto do sabiá explica apenas uma parte dos fatos [por que eles cantam?], mas não a que mais interessa aos insones das metrópoles: por que às 3h da manhã? E é aqui que vem a parte mais legal de toda essa história. Os sabiás-laranjeira estão cantando assim cedo em São Paulo (e também Porto Alegre, Cutitiba e outras cidades) mas NÃO nas áreas florestadas onde a espécie também ocorre! Como assim? Não é primavera em todos esses lugares??? Pois é, quem mora em sítios ou também na borda de maciços florestais e presta atenção nas aves ao seu redor já notou que a primavera chegou e que os sabiás estão cantando. Mas iniciam a cantoria apenas quando começa a clarear o dia! Pra inveja de muitos!
O que faz os sabiás iniciarem a cantoria tão cedo nas cidades? Quem conhece um pouco da biologia das aves sabe que elas têm seu metabolismo influenciado pelo fotoperíodo do dia [o tempo total de claridade que um dia qualquer apresenta – maior no verão, menor no inverno, como quase todo mundo sabe]. Logo, o impulso inicial é pensar que a iluminação artificial está fazendo os sabiás acordarem mais cedo. Só que essa explicação não é de todo satisfatória, já que a iluminação artificial está igualmente disponível após o pôr-do-sol, porém os sabiás vão dormir nessa hora. Além disso, se apenas a luz fosse um estímulo pros sabiás, seria esperado que eles continuassem ou até aumentassem a cantoria no restante do período claro do dia. Mas isso não acontece. Algo mais deve estar acontecendo.
A resposta exata pro despertador paulistano soar às 3h da manhã eu infelizmente não tenho. Mas calma! Não fiz vocês lerem até aqui pra assumir que não sei e pronto. Nós ornitólogos temos sim uma boa pista. Meu amigo e colega Rafael Marcondes excelentemente lembrou de um trabalho feito na Inglaterra com uma outra espécie de ave, mas cuja história de cantoria em cidades é muito parecida. E o que nossos colegas europeus descobriram é que o principal fator influenciando o horário de cantoria da passarada urbana é o barulho das cidades! Tal qual pra todas as demais espécies – incluindo a nossa própria – sexo é muito importante, quase que um objetivo de vida. E, conforme falei acima, é cantando que os machos conseguem suas parceiras. Mas como os sabiás têm seus territórios, os machos precisam cantar para as fêmeas ao mesmo tempo em que precisam ficar numa mesma área para evitar que outros machos tomem seu lugar. Dessa forma, quanto mais longe seu canto chegar, maior a chance de uma fêmea escutar e se interessar por ele. E com todo o barulho das cidades, qual seria o momento do dia em que um sabiá macho consegue disseminar mais longe (e com maior chance de sucesso) a “informação sonora” de sua presença em determinado território? Exatamente, caro leitor: no horário em que a cidade é mais silenciosa (ou menos barulhenta, no caso de São Paulo)! O sabiá só faz aquilo que nós mesmos fazemos. Ou você (leitor homem) nunca chamou uma menina no meio de uma festa pra ir “lá fora” ou “naquele canto mais calmo” pra poder conversar com ela mais tranquilamente? No mínimo você já se afastou de um ambiente barulhento pra atender um telefonema e assim facilitar a comunicação. E é só isso que os sabiás estariam fazendo. Se existe um culpado pelo horário em que os sabiás citadinos estão acordando, somos nós. Tudo isso posto, penso que apenas um fator ainda carece de uma explicação satisfatória: por que algumas poucas pessoas não conseguem apreciar um canto melodioso de um sabiá?
Comentários extras:
- Quem quiser conhecer mais sobre o sabiá-laranjeira, “o terror das madrugadas paulistanas”, pode ver fotos e ouvir cantos da espécie aqui.
- Ao contrário do divulgado por algumas pessoas e inclusive repetido no site do Wikiaves referenciado acima, o sabiá-laranjeira NÃO é ave-símbolo do Brasil. O Brasil não tem uma ave-símbolo oficial. Conforme pode ser lido por qualquer pessoa, o texto do Decreto Presidencial de 3 de outubro de 2002, que institui o “Dia da Ave”, diz apenas que o sabiá[-laranjeira] (Turdus rufiventris) será o “centro de interesse para as festividades do Dia da Ave”. Em breve publicarei um texto detalhado sobre isso, já que o decreto menciona por cima ser o sabiá “popularmente Ave Nacional”, levando os menos atentos à confusão. Mas, pra bom entendedor, “me pala bas”.
- Gonçalves Dias, ao compor os versos clássicos de sua Canção do Exílio (“Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá”) muitíssimo provavelmente fazia alusão ao sabiá-barranco (Turdus leucomelas), espécie de sabiá até hoje abundante (e a mais comum, de acordo com o amigo Firmino Filho) em Caxias, na região dos “cocais” [olha aí as palmeiras!] do Maranhão, terra natal do aclamado poeta. O sabiá-laranjeira, por outro lado, não é conhecido de Caxias, ainda que ocorra não muito longe dali.

Atualização: o amigo Sandro von Matter (to cheio de amigos – que bom!) leu o post e me indicou um segundo trabalho, também feito na Europa, que mostra que o barulho das cidades afeta o horário em que os bichos cantam. Mas o mais legal é que esse segundo trabalho, publicado agora em agosto, lida com um parente mais direto do nosso sabiá-laranjeira: o Turdus merula.