segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

A baleia-comum hoje é baleia-rara


((o))eco - 12/12/14

21b CSR Bp 20050624 17 NPIE 0550 bestUma baleia-comum (Balaenoptera physalus) fotografada em meio a um salto, no Mar Mediterrâneo. Foto: Cetacean Sanctuary Research Project (CSR)
baleia-comum (Balaenoptera physalus) é o segundo maior animal existente no planeta, depois da baleia-azul. Também conhecida como baleia-fin e rorqual-comum, este mamífero marinho pode atingir até 27 metros de comprimento. As baleias-comuns podem ser encontradas em todo os principais oceanos. Entretanto, elas foram severamente afetadas pela caça comercial de baleias: cerca de 750 mil animais foram mortos em áreas do hemisfério sul só entre 1904 e 1979, e elas raramente são avistadas lá hoje. O status atual destes animais é desconhecido na maioria das áreas fora do Atlântico Norte. Embora a Comissão Baleeira Internacional (CBI)tenha obtido uma moratória para a pesca comercial da espécie, Groenlândia, Islândia, Noruega e Japão ainda continuam a caça em determinadas épocas do ano. Também ameaçada por colisões com navios e ruídos de atividades humana nos oceanos, a baleia-comum é considerada com espécie Em Perigo de Extinção pela Lista Vermelha da IUCN.

Fonte: http://www.oeco.org.br/especies-em-risco/28829-a-baleia-comum-hoje-e-baleia-rara

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Para evitar o holocausto biológico: aumentar as áreas anecúmenas e reselvagerizar metade do mundo, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


“Há 10.000 anos os seres humanos e seus animais representavam
menos de um décimo de um por cento da biomassa dos
vertebrados da terra. Agora, eles são 97 por cento”.
Ron Patterson (2014)
área ocupada por humanos, pelos animais domésticos e animais selvagens

[EcoDebate] O ser humano é uma das espécies caçulas da Terra. O Homo Sapiens surgiu na África a cerca de 200 mil anos e se espalhou por todo o território mundial. As grandes migrações do passado e o processo de globalização têm tornado o mundo cada vez mais ecúmeno, com impactos crescentes das atividades antrópicas sobre o meio ambiente e a redução das áreas anecúmenas. O termo anecúmeno designa uma área da superfície terrestre emersa que não seja habitada pelo ser humano de forma permanente, opondo-se ao termo ecúmeno que designa uma área onde os humanos permanecem no presente.
Como o Planeta é um só, todas as espécies estão em constante competição entre si, bem como com os membros de sua própria espécie. Todas as espécies evoluíram e fizeram adaptações voltadas para a sobrevivência. A Águia tem voo, garras, mira telescópica e assim por diante. Todas as outras espécies têm adaptações similares. O Homo sapiens desenvolveu várias adaptações, sendo que há uma que lhe dá uma enorme vantagem sobre todas as outras: sua capacidade intelectual. Esta habilidade favorece a competição com outras espécies para a alimentação e território. O ser humano não só venceu as demais espécies, como, na verdade, está em processo de acabar com elas, provocando uma grande extinção em massa, especialmente dos vertebrados da Terra (Patterson, 2014).
Para tentar evitar os danos irreversíveis da crescente dominação humana sobre o Planeta – época conhecida como Antropoceno – existem várias propostas para salvar a vida de milhões de seres não-humanos e a biodiversidade da Terra.
O biólogo da Universidade de Harvard de 85 anos, Edward Osborne Wilson, duas vezes vencedor do Prêmio Pulitzer e autor de mais de 25 livros, acredita que o ser humano está provocando um “holocausto biológico” e para evitar a “extinção em massa de espécies”, ele propõe uma estratégia para destinar METADE DO PLANETA exclusivamente para a proteção dos animais. A tese também é defendida pela jornalista Elizabeth Kolbert no livro The Sixth Extinction.

The Sixth Extinction

Segundo reportagem de Marina Maciel, no Planeta Sustentável (09/09/2014), o plano de conservação do Dr. Wilson, chamado de “Half Earth”, inclui a criação de cadeias de corredores ininterruptos de vida selvagem, alguns deles grandes o bastante para abrigar parques nacionais de biodiversidade, idealizados para impedir o desaparecimento de espécies. Tais medidas ajudariam os animais a reagir aos efeitos das mudanças climáticas por meio da migração e também evitariam isolamento em ilhas sem conexão com outros habitats.
A Revista Science publicou, em julho de 2014, uma série de estudos em que mostra taxas alarmantes de crimes contra os demais seres vivos. A humanidade é responsável pelo risco de espécies desaparecerem com 1000 vezes mais intensidade do que os processos naturais. A Revista confirma que o ser humano está provocando, em um curto espaço de tempo, a sexta extinção em massa no planeta. Isto acontece em função dos impactos da perda da fauna devido ao empobrecimento da cobertura vegetal, à falta de polinizadores, ao aumento de doenças, à erosão do solo, aos impactos na qualidade da água, etc. Ou seja, os efeitos são sistêmicos e um dos artigos da revista chama este processo de “Defaunação no Antropoceno”, que ocorre devido ao aprofundamento da discriminação contra as espécies não humanas e à generalização do crime do ecocídio.
Segundo a WWF, no relatório Planeta Vivo 2014, o estado atual da biodiversidade do planeta está pior do que nunca. O Índice do Planeta Vivo (LPI, sigla em Inglês), que mede as tendências de milhares de populações de vertebrados, diminuiu 52% entre 1970 e 2010. Em outras palavras, a quantidade de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes em todo o planeta é, em média, a metade do que era 40 anos atrás. Esta redução é muito maior do que a que foi divulgada em relatórios anteriores em função de uma nova metodologia que visa obter uma amostra mais representativa da biodiversidade global.
Ainda segundo a WWF, a biodiversidade está diminuindo em regiões temperadas e tropicais, mas a redução é maior nos trópicos. Entre 1970 e 2010, o LPI temperado diminuiu 36% em 6.569 populações das 1.606 espécies em regiões temperadas, ao passo que o LPI tropical diminuiu 56% em 3.811 populações das 1.638 espécies em regiões tropicais durante o mesmo período. A redução mais dramática aconteceu na América Latina – uma queda de 83%. As principais causas destas reduções são a perda de habitats e a degradação e exploração decorrente de caça e pesca. As mudanças climáticas são a segunda ameaça primária mais significativa e é provável que exercerão mais pressão sobre as populações no futuro.

Índice do Planeta Vivo

Por tudo isto, se denomina Ecocídio o crime que acontece contra as espécies animais e vegetais do Planeta. Esse crime se espalha no mundo em uma escala maciça e a cada dia fica pior. Exatamente por isto, cresce a consciência de que é preciso mudar o modelo de desenvolvimento que adota um padrão de produção e consumo danoso para o meio ambiente e que é responsável pelo aumento da destruição da vida na Terra. Para tanto, é preciso considerar o Ecocídio um crime contra a paz, um crime contra a natureza e um crime contra a humanidade e as futuras gerações.
O site “Eradicating Ecocide” considera ser necessário a aprovação de uma lei internacional contra o Ecocídio para fazer com que os dirigentes de empresas e os chefes de Estado sejam legalmente responsáveis por proteger a Terra e as espécies não humanas. O Planeta teria que se tornar a prioridade número um da legislação nacional e internacional. O mundo já definiu o Genocídio como um crime, falta fazer o mesmo em relação ao Ecocídio. Não há direitos humanos no longo prazo sem o respeito aos direitos da natureza. Acabar com o ecocídio é também uma forma de evitar o suicídio.

Eradicating Ecocide

O site do Instituto Rewilding é uma outra fonte para informações sobre a integração da vida selvagem tradicional e a conservação de terras selvagens e a preservação das paisagens naturais. Ele fornece explicações sobre conceitos-chave com documentos para download e links para documentos importantes.

Rewilding Institute

Reselvagerizar o mundo pode ser uma alternativa, mesmo que parcial, aos crescentes crimes do especismo e do ecocídio. Para garantir espaços para a vida selvagem será preciso descivilizar amplas áreas territoriais, diminuindo a pegada ecológica antrópica global, regional e local. Neste sentido, a proposta de Caroline Fraser em seu livro “Rewilding the World” (Reselvagerizando o mundo) pode ser uma alternativa concreta para se evitar a extinção em massa da vida selvagem no Planeta e para criar uma esperança de conservação da biodiversidade e a convivência respeitosa e ética entre as espécies.

Rewilding the World

A humanidade ocupa cada vez mais espaço no Planeta e tem prejudicado de forma danosa todas as formas de vida ecossistêmicas da Terra. O ser humano está reincidindo cotidianamente nos crimes do especismo e do ecocídio. Se a dinâmica demográfica e econômica continuar sufocando a dinâmica biológica e ecológica a civilização caminhará para o abismo e o suicídio. Porém, antes de o antropoceno provocar uma extinção em massa da vida na Terra é preciso uma ação radical no sentido conter a ganância egoística, garantir a saúde do meio ambiente e a livre evolução da biodiversidade.
Referências:
PATTERSON, Ron. Of Fossil Fuels and Human Destiny, May 7, 2014
ATTENBOROUGH, David. Humans are plague on Earth. Telegraph, UK, 22/01/2013
Vanishing fauna. Science. Special Issue, 25 July 2014
MACIEL, Marina. Edward Wilson pede devolução de metade da Terra para os animais, Planeta Sustentável, 09/09/2014
HISS, Tony. Can the World Really Set Aside Half of the Planet for Wildlife? Smithsonian Magazine, 09/2014
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

Publicado no Portal EcoDebate, 03/12/2014

Fonte: http://www.ecodebate.com.br/2014/12/03/para-evitar-o-holocausto-biologico-aumentar-as-areas-anecumenas-e-reselvagerizar-metade-do-mundo-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

Baleias mudam respiração para evitar ataques de gaivotas que arrancam pedaços

Laura Plitt


Credito: Ana Fazio
Gaivotas bicam baleias e retiram pedaços de gordura e pele
É uma cena violenta. Um confronto difícil de assistir sem contorcer o rosto ou, de vez em quando, desviar o olhar.
Repete-se a cada ano entre julho e dezembro em Península Valdés, na Patagônia argentina.
Os rivais: gaivotas e baleias francas.
Embora pareça uma luta entre David e Golias, é a baleia que tem tudo a perder.
Desde os anos 70, inúmeros ataques de gaivotas a baleias têm sido registrados nesta região para onde os mamíferos aquáticos viajam com o objetivo de dar à luz e amamentar seus filhotes antes de iniciar sua viagem para a Antártida.
Credito: Ana FAzio
Feridas são circulares e, quando se unem, formam uma espécie de canal
Sempre que os cetáceos saem da água para respirar, as gaivotas usam seu bico para arrancar pedaços inteiros de pele e gordura.
A baleia, com dor, arqueia as costas imediatamente.
De acordo com uma nova pesquisa publicada na revista científica Marine Biology, esses gigantes marinhos, que podem medir até 16 metros de comprimento e pesar 50 toneladas, estão começando a mudar a forma como respiram para evitar esses ataques violentos.
"As gaivotas produzem feridas, úlceras circulares, que podem se tornar uma via de entrada para agentes infecciosos", diz Ana Fazio, pesquisadora do argentino Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet, na sigla em espanhol) e autora principal do estudo.
"Além disso, sem pele, elas podem perder a temperatura do corpo."
Credito: Ana Fazio
Baleias passaram a respirar sem tirar corpo da água, impedindo ataques das gaivotas
Algumas têm tantas feridas que, quando os ferimentos se juntam, formam uma espécie de pequeno canal.
Mas o maior problema são os filhotes, diz a pesquisadora. "Eles têm a pele muito mais frágil. Mudam de pele muito rapidamente porque crescem muito todos os dias", diz. Isso os torna mais vulneráveis.
Os ataques, que aumentaram desde que começaram a ser observados, não são para saciar a fome - na região, não faltam lixões a céu aberto ou áreas de descarte de peixes. Aparentemente, se trata de um comportamento adquirido e repassado de geração para geração de gaivotas.

Respiração oblíqua

Agora, os indícios são de que foram as baleias quem adquiriram conhecimentos para tornar essa convivência menos prejudicial para a sua espécie.
"Quando as baleias respiram, normalmente levantam primeira a cabeça e depois o corpo. E, se vão fazer um mergulho profundo, levantam a cauda também", disse Fazio.
"O que eu comecei a notar é que, agora, levantam a cabeça até o espiráculo (ofirício usado para respiração na altura da do que seria a nuca) e, em seguida, voltam a entrar na água. Inspiram em um ângulo de 45° e submergem novamente".
Credito: Ana Fazio
Nova forma de respiração exige mais energia das baleias
Fazem isso de forma rápida, explosiva, mantendo o corpo dentro da água.
A pesquisadora diz que esse tipo de comportamento, que ela batizou de respiração oblíqua, está presente apenas nas baleias de Península Valdés.
"Quando a baleia faz essa respiração oblíqua, a gaivota fica boiando ou planando e não ataca."
É diferente de curvar as costas, por exemplo - outro comportamento verificado em adultos -, uma estratégia que também pode evitar bicadas, mas não é exclusiva das baleias da Patagônia argentina.

Energia extra

Apesar de ainda não estar confirmado que isso reduz o número de lesões, é evidente que está limitando as possibilidades de ataque, diz Fazio.
A vantagem deste comportamento, explica, é que também pode ser adotado por filhotes. Porém, a nova estratégia também tem desvantagens.
Credito: Ana Fazio
Os ataques foram observados pela primeira vez nas décadas de 70 e 80
Manter o corpo embaixo d'água exige um gasto de energia extra, algo custoso para os filhotes, que deveriam usar a maior parte de sua energia para mamar, crescer e ganhar força para garantir a viagem para a Antártida.
Além disso, fugir das gaivotas nadando mais rápido também exige um custo de energia adicional.
Apesar de tudo, a estratégia parece estar se consolidando. Na medida em que a população das aves não diminui, os cetáceos continuarão dependendo de sua própria criatividade para ganhar a guerra contra as gaivotas.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/12/141209_baleia_gaivota_lab

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Baleias da espécie Bryde voltam a aparecer na orla do Rio


Mamíferos buscam cardumes na orla carioca, segundo pesquisadores.
Animais podem atingir cerca de 15 metros e pesar até 25 toneladas.

Do G1 Rio
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Filhote de baleia nascido no início de 2014, na costa do Rio (Foto: José Laílson/ Divulgação)Filhote de baleia nascido no início de 2014, na costa do Rio (Foto: José Laílson/ Divulgação)
Pesquisadores do Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) observaram a chegada das primeiras baleias da espécie Bryde no litoral do Rio. De acordo com os especialistas, elas procuram as águas do Rio na primavera e verão para se alimentarem de cardumes, chegando muito próximo as praias.
Animais buscam costa carioca para se alimentar no verão (Foto: José Laílson/ Divulgação)Animais buscam costa carioca para se alimentar
no verão (Foto: José Laílson/ Divulgação)
O pico de observação das baleias de Bryde será no verão, nos meses de dezembro e janeiro. Os pesquisadores alertam aos pescadores que durante a busca de cardumes as baleias podem se aproximar muito da orla. Para que as embarcações evitem colisões, eles pedem para os navegantes da região redobrarem a atenção.Esses animais podem atingir cerca de 15 metros e pesar até 25 toneladas quando adultos. Duas das baleias observadas já são conhecidas dos pesquisadores. De acordo com José Laílson, trata-se de uma mãe e seu filhote. O pequeno mamífero é um carioca, nascido no início de 2014 nas águas da orla.

O aparecimento desse tipo de mamífero coincide com o fim da temporada de baleias jubarte, que estavam pela costa do Rio e agora rumam em direção as águas sub-polares e polares.
Baleias da espécie Bryde foram vistas na orla carioca (Foto: José Laílson/ Divulgação)
Baleias da espécie Bryde foram vistas na orla carioca (Foto: José Laílson/ Divulgação)

Fonte: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/11/baleias-da-especie-bryde-voltam-aparecer-na-orla-do-rio.html

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Morre aos 97 anos Manoel de Barros, o poeta da natureza


Sabrina Rodrigues

Manoel1Manoel de Barros - 1916-2014. Foto: Secretaria de Cultura/RJ. 
Notícias envolvendo a morte de poetas não costumam ser pautas em mídias especializadas em meio ambiente, mas Manoel de Barros não era qualquer poeta. O homem que descansou após lenta agonia num hospital em Campo Grande trouxe a simplicidade da vivência pantaneira para os anais da literatura nacional.
Versos como o do eternizado no poema “Retrato do artista quando coisa”, de 1998: “Fui criado no mato e aprendi a gostar das coisinhas do chão”, que dão pistas de como a natureza está densamente presente na vida literária de Manoel de Barros.
O legado de Manoel Wenceslau Leite de Barros abrange uma vasta obra cuja memória pessoal de sua infância, numa fazenda, com os pés no chão, em contato com caramujos e lagartixas, influenciou todo o seu trabalho ao longo dos seus 97 anos de idade.
Manoel de Barros teve seu primeiro contato com a literatura no Colégio São José, no Rio de Janeiro. Tornou-se admirador das obras do poeta francês Arthur Rimbaud, a quem chamou de o “renovador poético do mundo”. Era leitor frequente da Bíblia, que para Barros tinha dois aspectos: o místico e a parte literária. Achava o livro de Jó lindo e o de Eclesiastes, filosofia pura. Da literatura nacional gostava de Machado de Assis, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Augusto dos Anjos.
Como escritor, teve sua estreia com a obra “Poemas concebidos sem pecado”, em 1937, mesmo sem o estilo que o definiria até o fim de sua vida.
As intempéries da vida
Manoel de Barros formou-se em bacharel em Direito no Rio de Janeiro e filou-se ao Partido Comunista aos 18 anos. Após tomar conhecimento do apoio de Luiz Carlos Prestes a Getúlio Vargas, Barros rompeu com o Partido Comunista. Assim, voltou a morar no Pantanal. Em seguida, decidiu conhecer algumas partes do mundo morando na Bolívia, no Peru e em Nova York, onde fez curso de cinema e pintura.
Casou-se com Stella de Barros com quem teve três filhos: Pedro, João e Martha.
O poeta passou mesmo a ser conhecido aos 70 anos de idade, quando, nos anos 80, o chargista Millôr Fernandes publicou um poema de Manoel, no Jornal do Brasil, com a seguinte frase: “Veja, isso é que é poesia.” Depois disso, o filólogo Antonio Houaiss o apresentou ao Ênio Silveira, que era editor da Civilização Brasileira.
Considerado um dos escritores mais importantes do Brasil, Manoel de Barros também é conhecido internacionalmente por trabalhos publicados na França, em Portugal e na Espanha. Foi contemplado com vários prêmios literários, entre eles, dois Jabutis de Literatura. Em 2008, o cineasta Pedro Cezar realizou o documentário “Só dez por cento é mentira”, sobre a vida de Manoel de Barros e que ganhou os prêmios de melhor documentário longa-metragem do II Festival Paulínia de Cinema.
O sucesso e o reconhecimento não conseguiram apagar as marcas profundas de dois acontecimentos trágicos que afetaram profundamente Manoel de Barros: Em 2007, seu filho João sofre um acidente aéreo e morre aos 50 anos. Em Julho de 2013, o filho mais velho, Pedro morre em decorrência de um AVC.
Após a morte trágica dos filhos, a saúde de Manoel de Barros definhou. Aos 97 anos de vida, o poeta passou a viver de forma quase vegetativa: deitado numa cama, imóvel, sem andar e sem falar. Escrever passou a ser definitivamente parte do passado e sem direito a futuro algum. Uma situação que angustiava os familiares ao ver um homem que outrora foi tão cheio de vida e energia.
Até que, na última quinta (13), às 08h05, Manoel de Barros morreu de falência múltipla dos órgãos, deixando a poesia brasileira órfã de seu mestre. Vai-se o homem e fica a obra.
“Poesia a gente não descreve, a gente descobre”
Certa vez, Sigmund Freud disse: “Os poetas e os filósofos descobriram o inconsciente antes de mim. O que eu descobri foi o método científico que nos permite estudar o inconsciente.” E foi assim que Manoel de Barros trouxe o alicerce e as ferramentas necessárias a sua poesia: “Minha invenção é algo que vem do subconsciente, da imaginação criadora, busca do baú da infância, onde ficam guardadas as nossas primeiras sensações” afirmou no documentário Só dez por cento é mentira, de 2008.
Barros soube transformar palavras em imagens, dando-nos com precisão a dimensão geográfica, espacial e social da paisagem pantaneira. Ele deu um novo sentido à literatura brasileira ao dar valor e encanto às coisas. Chamou a nossa atenção ao simples, ao cotidiano, no sentido de despertar o nosso olhar, a nossa percepção de mundo. Junta-se a isso, o sentido simbólico da palavra-imagem que, muitas vezes, significa paz, solidão, harmonia, simplicidade.
No documentário Só dez por cento é mentira, ao ser perguntado para que serve a poesia, Manoel de Barros logo respondeu, com um sorriso espontâneo: “Poesia é a virtude do inútil (...) Poesia é uma coisa que a gente não descreve. A poesia, a gente descobre, a gente acha. Eu sou procurado pelas palavras. Não tem inspiração, eu não sei o que é isso, eu só conheço de nome. Sou excitado por uma palavra, ela me excita, se apaixona por mim. As amigas, que ela tem por aí, pelo mundo, se encontram pelo cheiro pra desabrochar num poema e desabrocha em mim, né? (...) Poesia é o belo trabalhado”.
Sua importância para a literatura nacional consiste na sua originalidade em relação à junção da natureza com a linguagem. Foi um poeta simples, criativo, que soube com suas palavras transportar a leveza da natureza para o fulgor da alma. Descreveu a si mesmo como O Apanhador de Desperdícios: “(...) Prezo insetos mais que aviões. Prezo a velocidade das tartarugas mais que os mísseis. Tenho em mim esse atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Meu quintal é maior do que o mundo. Sou um apanhador de desperdícios: amo os restos. Como as boas moscas...”.

Fonte: http://www.oeco.org.br/noticias/28775-morre-aos-97-anos-manoel-de-barros-o-poeta-da-natureza

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Estudo revela repertório vocal das ariranhas


Vandré Fonseca

Ariranha1Ariranhas adultas podem ter um repertório com 22 tipos distintos de vocalizações. Foto: Joachim S. Müller/Flickr
Manaus, AM -- Ariranhas adultas (Pteronura brasiliensis) podem ter um repertório com 22 tipos distintos de vocalizações, de acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira (12) no jornal científico de acesso livre PLOS One. O estudo, assinado pelas biólogas Christina Mumm e Mirjam Knörnschild, da Universidade de Ulm, na Alemanha, demonstrou também que recém-nascidos são capazes de emitir 11 tipos diferentes de sons.
A espécie é a maior da subfamília das lontras, mamíferos aquáticos carnívoros com pernas curtas e corpos alongados que podem chegar a 1,80 metro de comprimento, se o cálculo incluir a longa cauda achatada que representa pouco mais de um terço do tamanho total do animal. Os machos são maiores do que as fêmeas. É um animal exclusivo da América do Sul e vive em grupos de até dez indivíduos, formados por um casal e seus descendentes. É considerada “Em Perigo” de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
As pesquisadoras da universidade alemã estudaram a relação entre as vocalizações e a organização social das ariranhas. Elas registraram sons emitidos pelos animais em vida livre no Peru, entre 12 de setembro e 8 de dezembro de 2011. Utilizaram também gravações feitas com animais em cativeiro. De acordo com o resultado, as ariranhas possuem o maior repertório de vocalizações entre as lontras e também a organização social mais complexa.
Os diferentes tipos de sons foram classificados de acordo com a estrutura acústica e relacionados a quatro contextos distintos, coesão (inclusive contato e coordenação do grupo), alarmes e ameaças, início de vocalizações e outros comportamentos como acasalamento e cuidados dos filhotes. O estudo apresenta também a primeira descrição de vocalizações de recém-nascidos, balbucios emitidos pelos filhotes enquanto aprendem o repertório vocal completo.
“O exame do contexto comportamental revelou que as ariranhas produzem vocalizações similares estruturalmente em várias situações, tanto quanto usam diferentes vocalizações em contextos aparentemente similares”, escreveram as biólogas no artigo.
Assista o vídeo produzido pelas pesquisadoras, com exemplos de vocalizações da ariranhas em diferentes padrões de comportamento.

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=S-ukk5w0umo&list=PL_O2Hm19V2gHVSe4DO5UfsX2D9DixWlCp



Fonte: http://www.oeco.org.br/noticias/28763-estudo-revela-repertorio-vocal-das-ariranhas

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Os preciosos golfinhos-de-hector


((o))eco

golfinhos-de-hectorExistem duas populações de golfinhos-de-hector (Cephalorhynchus hectori) conhecidas, um em cada lado da Ilha do Sul da Nova Zelândia. Elas são divididas pelas águas profundas do Estreito de Cook e a ponta sudoeste da ilha. A espécie parece relutante ou incapaz de cruzar áreas de águas profundas. Foto: Geof Wilson
golfinho-de-hector (Cephalorhynchus hectori) são os menores e mais raros cetáceos do planeta, endêmicos das águas costeiras da Nova Zelândia. O habitat limitado deixa a espécie vulnerável às pressões das atividades humanas: a principal causa de mortalidade é o emaranhamento em redes de pesca de arrasto, seja ela comercial ou amadora. Outras ameaças incluem abalroamento por barcos, a poluição em seu habitat, o desenvolvimento costeiro e a mineração marítima. Divididos em 2 subespécies, estima-se que os golfinhos-de-hector do grupo Cephalorhynchus hectori maui têm uma população de apenas 55 indivíduos que estão em perigo crítico de extinção. A Lista Vermelha classifica a espécie como um todo 'Em Perigo de Extinção'.

Fonte: http://www.oeco.org.br/especies-em-risco/28755-os-preciosos-golfinhos-de-hector

Doze baleias são avistadas em praias do Litoral catarinense


Área monitorada foi do Sul de Florianópolis até cidade de Passo de Torres.
Todo ano, os animais migram para a região entre o inverno e a primavera.

Em último sobrevoo da temporada 2014, 12 baleias foram avistadas em praias do Litoral catarinense neste domingo (9). A área monitorada pelo Projeto Baleia Franca foi do Sul deFlorianópolis até o município de Passo de Torres, na divisa com o Rio Grande do Sul.
Foram avistadas 12 baleias em seis pares de mãe e filhote. Todos os anos, os animais migram para o Litoral catarinense entre o inverno e a primavera para o nascimento e cuidados nos primeiros meses de vida dos filhotes.Em média, a presença de mais de 100 baleias francas são registradas anualmente no estado, conforme informações da RBS TV.

Fonte: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/11/doze-baleias-sao-avistadas-em-praias-do-litoral-catarinense-veja-video.html

3 Golfinhos cabeça-de-melão, Peponecephala electrta encalham em praia de Beberibe (CE)

Golfinhos foram encontrados na Praia das Fontes, em Caucaia
Golfinhos foram encontrados na Praia das Fontes, em Caucaia
Três golfinhos da espécie Peponecephala electrta (conhecido como golfinho cabeça-de-melão) ficaram encalhados na Praia das Fontes, em Beberibe, na última sexta-feira, 7. Um dos animais foi devolvido ao mar por moradores da região.
De acordo com a Aquasis, organização que realiza o Projeto Manatí, o golfinho devolvido ao mar ainda não foi encontrado em outra região. É provável que o animal encalhe novamente.
A equipe de resgate do projeto, com o auxílio da equipe do Projeto Cetáceos da Costa Branca, está tratando os dois animais no Lagamar do Uruaú, onde se encontra águas calmas o suficiente para os exames, medicação e alimentação via sonda.
Os exames de sangue apontaram que os golfinhos, apesar do bom estado corporal, apresentam quadro de infecção viral. Os dois apresentam melhoras significativas. Nesta segunda, 10, serão realizados novos exames e, caso os veterinários verifiquem estado de saúde ideal, será realizada uma tentativa de soltura. O projeto está verificando a disponibilidade de uma embarcação que possa fazer a soltura dos dois animais juntos.
Conforme a Aquasis, as características de como foram encontrados os animais configuram como um encalhe em massa. O fato registrado é considerado raro, normalmente explicado devido a infestações parasitárias ou utilização de sonares militares e de prospecção sísmica.
No Brasil há um registro de encalhe em massa da espécie em 1987, na Praia de Piracanga. Pelo menos 240 animais encalharam e morreram na areia. Não havia na região equipe ou logística para atender esse tipo de encalhe.
Fonte: O Povo

Fonte: http://www.anda.jor.br/10/11/2014/golfinhos-encalham-praia-beberibe-ce

domingo, 9 de novembro de 2014

Terapia com boto ajuda crianças com necessidades especiais na Amazônia


A delicadeza das crianças ao entrar na água é logo quebrada pela algazarra dos brincalhões botos. O primeiro contato é de espanto, algumas crianças choram e riem ao mesmo tempo. É a bototerapia, uma iniciativa feita na Amazônia pelo fisioterapeuta Igor Andrade.
A terapia com o golfinho de rio em seu hábitat natural tem o aval de um veterinário especialista em animais amazônicos, Anselmo Da"Fonseca, de uma bióloga especialista em botos, Vera da Silva, ambos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Participa também uma médica hematologista do Instituto de Hematoterapia do Amazonas (Hemoan), Socorro Sampaio, que acompanha mensalmente à bototerapia pelo menos dez crianças em tratamento de graves problemas, como leucemia.
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Bototerapia ajuda crianças com necessidades especiais na Amazônia8 fotos

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O fisioterapeuta Igor Andrade acompanha Alice Castro, 17, que sofre de paralisia cerebral, durante uma sessão de "bototerapia" no rio Ariau, na Amazônia. A bototerapia foi desenvolvida por Andrade e é gratuita para crianças carentes com deficiência. O objetivo é tratar dores crônicas, lombalgia, desalinhamento postural, escolioses, curvas acentuadas da coluna, fibromialgia, cervicalgia e hérnia de disco Bruno Kelly/Reuters
No atendimento gratuito, também há crianças especiais, com síndrome de Down, hidrocefalia ou má formação genética, encaminhadas por instituições.
(Com Agência Estado)

Fonte: http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/08/28/terapia-com-boto-ajuda-criancas-com-necessidades-especiais-na-amazonia.htm