terça-feira, 29 de abril de 2014

Manejo florestal conquista espaço na Caatinga



Manejo florestal conquista espaço na Caatinga
Manejo provê produtos florestais obtidos de forma sustentável

Com ações nos principais elos da cadeia produtiva florestal, SFB busca valorizar bioma, que mantém cerca de 50% da cobertura, via uso sustentável e conservação. Dia da Caatinga é comemorado nesta 2ª feira

A Caatinga, cuja data comemora-se nesta segunda-feira, 28/04, ainda mantém cerca de 50% de sua cobertura. Para contribuir com sua conservação, o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) adotou uma estratégia diferenciada: fomentar a sustentabilidade não somente em uma ponta, mas nos principais atores da cadeia da lenha, principal produto florestal do bioma.
As ações abrangem desde aqueles que produzem o insumo – agricultores familiares em assentamentos da reforma agrária, por exemplo – aos segmentos industriais que mais o consomem, como empresas ceramistas. Extensionistas e estudantes também são foco das atividades do SFB.
Nos últimos quatro anos, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF/SFB) juntamente com o Fundo Clima, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), investiu mais de R$ 7,5 milhões no apoio ao manejo florestal nos assentamentos, na capacitação para extensionistas que atendem agricultores familiares, na realização de cursos sobre manejo florestal para estudantes de escolas técnicas e na assessoria e apoio à eficiência energética para empresas do ramo de cerâmica vermelha nos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco.
“A cadeia da lenha é curta, mas tem uma importância regional muito grande pelo volume de energia que é proveniente dos recursos florestais da Caatinga”, afirma o coordenador do FNDF, Fábio Chicuta. Estima-se em 25 milhões de metros estéreos o consumo anual de lenha no Nordeste.
Parcerias com o Fundo Nacional do Meio Ambiente (MMA) e com o Fundo Socioambiental da Caixa ajudam a potencializar as ações.
Nova fonte de renda no sertão
O primeiro elo a ser trabalhado foi o dos agricultores familiares com o apoio à extração sustentável de lenha e de outros produtos florestais.“A gente atua no campo para que a floresta permaneça floresta”, diz o gerente de Capacitação e Fomento do SFB, João Paulo Sotero.
Mais de 1.700 famílias já receberam ou recebem assistência técnica nos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Piauí. Parte desses assentamentos estão próximos a polos industriais consumidores de lenha, do qual se tornam fornecedores.
Mais que abastecer a indústria, a lenha do manejo se tornou uma fonte de renda complementar à agricultura e à pecuária. É uma atividade feita na época da seca, quando a falta de chuvas dificulta outras atividades. No assentamento Paulista, em Pernambuco, cada família chegou a alcançar mais de R$ 1.700,00 em 2013 com a atividade.“Juntamos a floresta ao bode e ao feijão”, diz o chefe da Unidade Regional Nordeste do SFB, Newton Barcellos.
Com a floresta se tornando um valor para a comunidade, o interesse em conservá-la aumentou. No Piauí, agricultores familiares formaram no ano passado a primeira brigada voluntária contra incêndios florestais com o apoio do SFB, Ibama (Prevfogo) e Incra. O objetivo? Proteger a floresta manejada.
Também no Piauí, assentados querem agora partir para uma nova etapa: agregar valor à madeira obtida com o manejo, uma vez que esse produto tem dimensões maiores que em outros locais do Nordeste. A ideia do grupo é montar uma serraria. Assim, em vez de simplesmente ser usada como lenha ou transformada em carvão, a madeira poderá ser beneficiada para a produção de pisos e caibros, por exemplo.
A gerente de Florestas Comunitárias do SFB, Elisângela Januário, destaca que os resultados também estão ligados à superação de determinadas questões. “Um dos grandes desafios para os produtores é gerenciar possíveis conflitos que podem surgir com o uso múltiplo de suas áreas individuais ou coletivas e desenvolver habilidades para acessar mercados e negociar com o setor empresarial. Essas habilidades de gestão e comercialização é que garantirão a sustentabilidade das atividades florestais”, afirma.
Assistência técnica
Com o crescimento do manejo comunitário, o SFB percebeu a necessidade de profissionais qualificados para atender os agricultores. “Começamos a ver que poderia haver alguns entraves ao manejo. Um deles era mão de obra. Poderíamos enfrentar a falta de profissionais qualificados para elaborar planos de manejo e implementá-los”, diz Sotero.
O FNDF passou então a lançar chamadas para instituições de assistência técnica e, até o momento, já capacitou cerca de 270 agentes de entidades estaduais, municipais e de organizações não governamentais interessadas em conhecer as técnicas dessa atividade produtiva. Ao mesmo tempo, o SFB realizou cursos sobre manejo florestal para cerca de 800 estudantes de escolas técnicas.
Segundo Newton Barcellos, é preciso romper com a visão tradicional de que assistência técnica deve ser apenas para agricultura e pecuária, a fim de que o manejo florestal receba mais atenção.
“A rede de assistência técnica é muito voltada para agricultura e pecuária. A floresta ainda é vista só como meio para proteger o solo, a beira do rio, ser abrigo para animais. Não é vista como forma de produção sustentável, um ativo que gera renda e reduz a pobreza”, afirma Barcellos.
Aos poucos, porém, pequenas mudanças vão acontecendo, seja no setor governamental ou privado.“Na Paraíba, engenheiros florestais recém-formados acabaram de abrir uma empresa e ganharam um edital de assistência técnica. É sinal de que está havendo mercado, que esse mercado interessa”, diz o chefe da Unidade Regional Nordeste.
Mercado 
Dois segmentos industriais fortes – o de gesso e o de cerâmica – no Nordeste têm na lenha sua principal fonte energética. Estima-se que o Nordeste atenda à demanda por 95% do gesso usado no país. Já a indústria cerâmica, outro setor econômico relevante nessa região, cresce junto com a construção civil.
Esse cenário motivou o SFB a começar no ano passado assessoria a 18 empresas ceramistas daParaíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte para promover eficiência no uso da lenha. Visitas às empresas, orientações sobre manejo de pátios e fornos, assessoria e cursos para os proprietários, gerentes e funcionários estão entre as ações promovidas.
A ação já chama a atenção de mais empresários. “A indústria ao lado viu as pessoas fazendo curso, viu que eles iriam para empresa modelo, isso começou a gerar demanda, pois não eram ações de comando e controle, eram ações de fomento, ou seja como fazer da melhor forma”, diz Sotero.
Um dos próximos passos do SFB será apoiar as empresas interessadas em mudança de tecnologia na elaboração de projetos para captação de recursos. O Fundo Clima do Ministério do Meio Ambiente, parceiro do SFB nestas iniciativas, por exemplo, tem uma linha de financiamento para aquisição de máquinas e equipamentos com maiores índices de eficiência energética ou que contribuam para a redução de emissão de gases do efeito estufa.
Do campo à indústria, do agricultor ao empresário, as mudanças no semiárido aos poucos começam a acontecer: a Caatinga e sua vegetação vistas como um ativo, que é valorizado, capaz de atender à demanda por produtos florestais de forma sustentável, fazendo com que a “mata branca” desse bioma gere riqueza e benefícios para sua população.

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Fonte: http://www.florestal.gov.br/noticias-do-sfb/manejo-florestal-conquista-espaco-na-caatinga

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